Alguns administradores públicos consultados justificaram a inexistência de preocupação atual com o envelhecimento populacional porque há problemas agudos sérios a resolver.
Todas as cidades com mais de cem mil habitantes registram problemas parecidos. A diferença reside na dimensão desses problemas.
Evidentemente os orçamentos dessas cidades sempre serão insuficientes para atender às necessidades. Os administradores terão que estabelecer prioridades e algumas áreas não receberão verbas e, portanto não contarão com solução.
A eventual troca de partidos nas eleições municipais não mudará muita coisa e em muitos casos as mesmas áreas não atendidas na administração anterior também não terão providências na nova.
Transportes, crime organizado, tráfico e consumo de drogas, moradia, pavimentação, saúde e educação tornam a arrecadação de impostos uma arma insuficiente para melhorar substancialmente a vida dos habitantes. Nesse quadro complexo, até pensar nos idosos parece ser inútil e secundário.
Entretanto, aí é que reside uma ausência de visão estratégica que é obrigatória na administração pública. Não importa o partido que esteja no Poder ou nas comissões e alianças partidárias, mas há uma responsabilidade pelo futuro que extrapola o exercício do mandato.
A questão do envelhecimento populacional que está em franco e veloz processo vai afetar todos, idosos e não idosos ou na linguagem do Portal, VIPPES e não VIPPES. Se nenhum plano for feito agora, terá que ser realizado e executado emergencialmente depois e vai custar mais e provavelmente com maiores riscos de resultados insuficientes.
Mas o que poderia ser feito imediatamente? Planos, obras, pesquisas?
Antes de qualquer coisa é fundamental que os executivos e legisladores tenham conhecimento do processo de envelhecimento populacional. Se não tiverem essa informação detalhada não poderão avaliar a complexidade do processo.
Com a informação eles terão a conscientização e mesmo que seus interesses sejam principalmente eleitorais, perceberão que apresentar, debater e criar mecanismos para cuidar desse assunto vai também render muitos votos pois praticamente todos os VIPPES são eleitores.
Qual o político que não vai querer mostrar que se preocupa com o problema e faz alguma coisa efetiva para provar?
E o que podem fazer mesmo sem um orçamento igual às outras áreas mais agudas no momento?
Seria muito importante criar uma secretaria da transição etária composta por políticos de todos os partidos. Essa secretaria seria composta por um funcionário de cada vereador e um grupo de profissionais de várias áreas que tivessem experiência com temas para VIPPES.
O objetivo dessa secretaria seria a análise completa do tema e a elaboração de propostas de soluções que poderiam ser apresentadas como um trabalho conjunto e não partidário. A secretaria poderia contar com voluntários e colaboradores não remunerados para auxiliar na coleta de informações e realização de pesquisas e consultas em empresas privadas.
O Portal VIPPES Negócios já iniciou uma operação de esclarecimento a vários setores da administração pública colocando-se à disposição para o desenvolvimento de estudos e proposições que instalem uma dinâmica de trabalho nesse tema. Mas toda a sociedade precisa participar desse esforço, pois o futuro envelhecido é inevitável e iremos mergulhar nele nos próximos anos, gostemos ou não.
G. Hansen Jr.
