Urge a criação do “Ministério da Transição Etária”. De acordo com o IBGE, já acontece uma alteração em grande escala da composição etária da população brasileira e é preciso agir rapidamente. Não há mais espaço para paradigmas ultrapassados.
Para se ter uma noção do que está acontecendo e vai se acelerar, vejamos a seguinte tabela conforme estatísticas do IBGE em seu estudo da Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 1980-2050 revisado em 2008 (em participação % – em azul, os anos de pico e em vermelho os menores índices).
Faixa Etária |
1980 |
2000 |
2010 |
2020 |
2030 |
2050 |
0 a 14 anos |
38,24 |
29.78 |
25,58 |
20,07 |
16,99 |
13,15 |
15 a 64 anos |
57,75 |
64,78 |
67,59 |
70,70 |
69,68 |
64,14 |
55 em diante |
8,71 |
11,29 |
14,10 |
19,24 |
24,60 |
36,73 |
70 em diante |
2,31 |
3,45 |
4,46 |
5,90 |
8,63 |
15,95 |
A tabela mostra de forma indiscutível que o envelhecimento etário é acentuado e que todas as estruturas sociais do País precisam ser estudadas e replanejadas.
Quando trocarmos os porcentuais por números absolutos na Tabela acima , podemos tirar mais conclusões preocupantes conforme segue (em milhões de pessoas – em azul os anos de máximo e em vermelho os mínimos).
Faixa Etária |
1980 |
2000 |
2010 |
2020 |
2030 |
2050 |
0 a 14 anos |
45.339 |
51.002 |
49.439 |
41.571 |
36.761 |
28.307 |
15 a 64 anos |
68.464 |
110.951 |
130.619 |
146.447 |
150.795 |
138.081 |
55 em diante |
10.331 |
19.337 |
27.256 |
39.849 |
53.238 |
79.074 |
70 em diante |
2.735 |
5.903 |
8.613 |
12.220 |
18.679 |
34.329 |
Algumas constatações:
1 – As escolas para crianças até 14 anos que não foram construídas até 2010 não precisarão mais ser construídas porque já em 2020 teremos dez milhões a menos de crianças nessa faixa de idade, ou seja, cerca de um milhão a menos de crianças por ano.
2 – Recursos de toda ordem serão necessários para VIPPES a partir de 70 anos que aumentarão em 360 mil indivíduos por ano até 2020 e mais de 500 mil por ano a partir de 2030.
3 – Os VIPPES como conjunto, aumentarão em um milhão e trezentos e trinta mil indivíduos a cada ano nos próximos 9 anos ou 110.000 novos VIPPES a cada mês durante 100 meses.
4 – Um dado muito esclarecedor da aceleração do envelhecimento populacional é o número de crianças até 14 anos em 2050. Apenas pouco mais de 28 milhões (contra 51 milhões há dez anos atrás). Isso significa que as demais classes aumentarão ainda mais a sua participação nos anos seguintes sem condições de retorno ao perfil populacional atual.
5 – O Planejamento para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 envolverão um máximo de 500 mil participantes para um período de duas a quatro semanas. As necessidades estruturais para atender as mudanças etárias de 2011 para 2020 (9 anos) vão abranger PERMANENTEMENTE mais de 14 milhões de pessoas – 28 vezes mais que todos os participantes dos eventos esportivos.
Conclusão: O BRASIL PRECISA URGENTEMENTE DE CRIAR O MINISTÉRIO DA TRANSIÇÃO ETÁRIA PARA EVITAR O CAOS SOCIAL.
Esse Ministério já deveria ter sido criado para que já estivéssemos planejando as mudanças estruturais em transportes, previdência, educação, assistência médica, indústria de equipamentos e estímulo à criação de novos serviços e produtos para atender à população de maior faixa etária.
O Ministério da Transição Etária não precisará ter recursos financeiros que hoje estão locados nos demais Ministérios, mas seria um órgão de governo especializado em estudo e planejamento das necessidades. Forneceria subsídios de informações para os demais setores dos governos federais, estaduais e municipais para que pudessem coordenar ações conjuntas para atender os novos problemas que se instalarão irreversivelmente.
A condição de Ministério essencialmente técnico será conveniente para proporcionar um livre trânsito de seus funcionários em todos os setores governamentais e nos diversos segmentos da Sociedade. Por outro lado, haverá implicações diretas com a iniciativa privada e haveria uma maior facilidade de entendimento com esta a partir do caráter estratégico social que envolve o objeto do Ministério.
Esse Ministério não vai operar com verbas a não ser de custeio e limitadas a um corpo técnico qualificado e ausente de conotação partidária.