- 07 de abril de 2019

O custo da longevidade

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Quanto custa, na ponta do lápis, cada ano a mais que um ser humano consegue adicionar à sua vida, principalmente depois dos cinquenta anos de vida? E quem pode pagar?

alemanha_controversa

Sem avaliações adequadas, estatísticas induzem a enganos. É a famosa lenda da profundidade média dos rios da Escócia. Dizem que é um metro. Milhares já morreram em rios com mais de cinco metros de profundidade. Para se calcular o custo da longevidade não se deve usar médias estatísticas, mas avaliar as diferenças estruturais em casos modelos.

Conforme as classes socioeconômicas da população haverá fatores de forte influência na longevidade. Pessoas que compõem a classe mais pobre não possuem acessos suficientes à saúde, à cultura e à informação em geral. Estas deficiências reduzirão substancialmente as possibilidades de alcançar a longevidade desejada. A saúde não cuidada, não preservada, se tornará uma porta de entrada para muitos problemas que poderiam ter sido solucionados anteriormente quando o organismo ainda era mais capaz de se recuperar.

A alimentação suficiente e equilibrada é fator decisivo na manutenção da saúde e da energia física e mental. Sem ela, a longevidade se torna uma conquista complexa e com reduzida esperança de alcance. Mas, mesmo antes do nascimento, as condições de gestação influem decisivamente na formação saudável do embrião. Ambiente hostil e falta de procedimentos de higiene e cuidados pela gestante exercerão fatores negativos na nova vida em formação.

Entre a classe mais pobre e a classe de maior riqueza, há uma escala extensa de pessoas que alternam posições, ora para cima e ora para baixo. Em certas fases da vida conseguem obter alguma melhoria em suas condições iniciais e reduzem as deficiências que impediriam a busca da longevidade. Pena que outros tenham a situação contrária; caem na escala social e mesmo sabendo que afastam a longevidade, não conseguem melhorar os fatores que poderiam ajudar em sua conquista.

Quando se inicia a fase da maturidade, todos aqueles que conseguiram respeitar as recomendações que garantiriam a longevidade, terão enorme possibilidade de obter os resultados previstos. Aqueles que não puderam ou não foram capazes de abrir mão de algumas facilidades não conseguirão ir longe na estrada etária.

Para calcular o custo da longevidade, uma planilha específica deve ser criada antes do nascimento  de qualquer indivíduo, e precisará continuar pela vida toda. Proporcionalmente, aqueles que já tiverem custos desde a gestação, gastarão muito menos após a chegada da maturidade, pois estarão em melhores condições do que os demais que só quando os problemas começam é que correm atrás da solução.

Um exemplo muito expressivo é o caso da osteoporose. Quem pode evitar essa doença através de suplementação com cálcio, quase certamente não sofrerá quedas em razão de fratura patológica (fraturas sem quedas, por rompimento de osso rarefeito, geralmente do fêmur). Com fratura e quase sempre difícil recuperação (imobilização temporária) e possibilidade de perda ou redução de movimentos, as despesas com hospitais, médicos, fisioterapeutas, cuidadores, etc. serão consideráveis.

Apenas para meditação, abaixo uma tabela de prováveis custos mensais para alguns tipos de longevos. (classe C média)

idade

saudável

saudável

c/mobilidade reduzida

c/ doenças

crônicas

c/

Alzheimer

c/ Alzheimer

e sem

mobilidade

60 a 70

1.800,00

4.300,00

3.300,00

3.300,00

8.300,00

71 a 80

2.300,00

4.300,00

3.800,00

3.300,00

8.300,00

81 a 90

3.300,00

4.300,00

4.800,00

4.800,00

8.300,00

91 a 100

4.300,00

5.300,00

5.800,00

5.800,00

8.300,00

+ de 100

5.300,00

6.300,00

6.300,00

7.300,00

8.300,00

A tabela leva em conta despesas mensais:
– despesas com alimentação (R$ 300,00)
– despesa com moradia (energia elétrica/água/aluguel/IPTU/outra) – (R$ 600,00)
– medicamentos e higiene (R$250,00)
– plano médico ou médicos (R$500,00)
– vestuário, calçados, comunicação (telefone/internet eventual) (R$100,00)
– lazer básico – televisão (R$50,00)
– cuidadores de idoso (R$ 1000,00 x 3)
– fisioterapia (R$1.000,00)
– enfermagem (R$1.000,00)
– empregada doméstica (R$1000,00) /faxineira (R$500,00)

O custo de cada item pode variar de cidade para cidade e nos centros urbanos é mais elevado que nos rurais. Quando os VIPPES contam com membros da família, os custos podem baixar em razão do trabalho voluntário não remunerado.

Utilizar o SUS como disponibilidade de saúde onde for possível, permite alguma redução nos custos médicos, fisioterapia e enfermagem (incluindo home-care).

Entretanto esse serviço não está preparado para atender boa parte das necessidades
populacionais atuais. Também o custo com cuidadores pode sofrer variações para cima em razão da maior procura aliada com falta desses novos profissionais.

Na parte relativa à estrutura residencial, nos grandes centros urbanos, os valores de aluguel, IPTU, condomínio podem ser duas ou três vezes maior que os valores usados na tabela. A variação ocorre em bairros diversos na mesma cidade. Essas são algumas razões pelas quais um valor médio se torna inadequado.

Assim, os custos acima são realmente uma base mínima para efeito de avaliação superficial. Quantos VIPPES de baixa renda (a grande maioria) podem pagar os custos acima estimados?

Há necessidade urgente de empreendedores, em conjunto com o Estado, encontrarem meios de atender às necessidades dessa enorme população de VIPPES em crescimento contínuo.

O custo da longevidade não pode ser tão alto a ponto de impedir a própria longevidade.

G. Hansen Jr.

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