- 07 de abril de 2019

Mamadeiras x Bengalas

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Uma das consequências do envelhecimento populacional no Brasil é a dramática alteração na composição etária em um espaço de tempo muito curto. Um quadro ilustra bem a situação.

A maneira mais enfática de observar o que acontece no País quando as taxas de envelhecimento mudam muito rapidamente é olhar um quadro que compara as projeções da população por faixa etária.

Para montar esse quadro exemplar, tivemos como fonte a Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013, do IBGE.

Selecionamos o grupo de idade entre 0 a 1 ano, bebês, portanto. Na outra ponta, escolhemos o grupo etário de 90 anos em diante, portanto os bisavôs.

Iniciamos com o ano de 2001 que foi o pico histórico da quantidade de bebês até 1 ano e encerramos com o ano de 2060, último da projeção do IBGE.

Os valores estão em milhões de habitantes.

           Projeção do envelhecimento etário com os extremos dos grupos etários

lupa_do_ibge

2001 2010 2014 2020 2030 2040 2043 2050 2060
Bebês

0 a 1

3,506 3,081 2,915 2,711 2,430 2,206 2,126 1,953 1,751
90 em

diante

0,290 0,394 0,505 0,743 1,263 2,135 2,520 3,563 5,024

Onde:

2001 – ano do pico histórico na quantidade de bebês de 0 a 1 ano de vida.
2014 – atual.
2040 –  último ano em que a quantidade de bebês de 0 a 1 ano de vida é maior que
a de VIPPES de 90 anos em diante.
2043 – primeiro ano de redução da população brasileira.

Destaques:

– Em 59 anos, a redução da quantidade de crianças de 0 a 1 ano de vida foi de 50,1% enquanto a de VIPPES de 90 anos em diante aumentou 17,3 vezes (1.630%).
– Em 2020, a população de bebês de 0 a 1 ano de vida apresentou 204.000 indivíduos a menos que em 2014.
– No mesmo período, a população de VIPPES de 90 anos em diante aumentou para 238.000 indivíduos a mais que 2014.
– Em 2001, no pico da quantidade de bebês até 1 ano de vida, eles representavam 2% do total da população brasileira.
– No mesmo ano, os VIPPES de 90 anos em diante não passavam de 0,16% do total.
– Em 2060, os bebês serão 0,8% do total dos brasileiros.
– Nesse ano, os VIPPES de 90 anos em diante significarão 2,3% da população.

Esses números indicam com precisão, que no século XXI, no Brasil, empresários que investirem em indústrias de bengalas terão mais clientes que aqueles que fabricarem mamadeiras.

O grande desafio é que as atuais fábricas de mamadeiras já registram queda nas vendas e ainda não há indústrias de bengalas com novas linhas de produtos e distribuição eficaz.

Naturalmente, centenas de outros produtos fazem parte do portfólio para bebês e bisavôs e a situação logística é a mesma das mamadeiras e bengalas.

É imprescindível adequar os negócios à nova realidade etária.

Torquato Morelli

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