Uma das consequências do envelhecimento populacional no Brasil é a dramática alteração na composição etária em um espaço de tempo muito curto. Um quadro ilustra bem a situação.
A maneira mais enfática de observar o que acontece no País quando as taxas de envelhecimento mudam muito rapidamente é olhar um quadro que compara as projeções da população por faixa etária.
Para montar esse quadro exemplar, tivemos como fonte a Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013, do IBGE.
Selecionamos o grupo de idade entre 0 a 1 ano, bebês, portanto. Na outra ponta, escolhemos o grupo etário de 90 anos em diante, portanto os bisavôs.
Iniciamos com o ano de 2001 que foi o pico histórico da quantidade de bebês até 1 ano e encerramos com o ano de 2060, último da projeção do IBGE.
Os valores estão em milhões de habitantes.
Projeção do envelhecimento etário com os extremos dos grupos etários
2001 | 2010 | 2014 | 2020 | 2030 | 2040 | 2043 | 2050 | 2060 | |
Bebês
0 a 1 |
3,506 | 3,081 | 2,915 | 2,711 | 2,430 | 2,206 | 2,126 | 1,953 | 1,751 |
90 em
diante |
0,290 | 0,394 | 0,505 | 0,743 | 1,263 | 2,135 | 2,520 | 3,563 | 5,024 |
Onde:
2001 – ano do pico histórico na quantidade de bebês de 0 a 1 ano de vida.
2014 – atual.
2040 – último ano em que a quantidade de bebês de 0 a 1 ano de vida é maior que
a de VIPPES de 90 anos em diante.
2043 – primeiro ano de redução da população brasileira.
Destaques:
– Em 59 anos, a redução da quantidade de crianças de 0 a 1 ano de vida foi de 50,1% enquanto a de VIPPES de 90 anos em diante aumentou 17,3 vezes (1.630%).
– Em 2020, a população de bebês de 0 a 1 ano de vida apresentou 204.000 indivíduos a menos que em 2014.
– No mesmo período, a população de VIPPES de 90 anos em diante aumentou para 238.000 indivíduos a mais que 2014.
– Em 2001, no pico da quantidade de bebês até 1 ano de vida, eles representavam 2% do total da população brasileira.
– No mesmo ano, os VIPPES de 90 anos em diante não passavam de 0,16% do total.
– Em 2060, os bebês serão 0,8% do total dos brasileiros.
– Nesse ano, os VIPPES de 90 anos em diante significarão 2,3% da população.
Esses números indicam com precisão, que no século XXI, no Brasil, empresários que investirem em indústrias de bengalas terão mais clientes que aqueles que fabricarem mamadeiras.
O grande desafio é que as atuais fábricas de mamadeiras já registram queda nas vendas e ainda não há indústrias de bengalas com novas linhas de produtos e distribuição eficaz.
Naturalmente, centenas de outros produtos fazem parte do portfólio para bebês e bisavôs e a situação logística é a mesma das mamadeiras e bengalas.
É imprescindível adequar os negócios à nova realidade etária.
Torquato Morelli