- 07 de abril de 2019

Quanto é a longevidade?

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Cem anos? Cento e vinte? Cento e cinquenta? Setecentos? Qual é a referência para estabelecer o valor absoluto da longevidade? É um valor coletivo, individual, particular, estatal, gratuito, oneroso?

atividade_protutiva_para_vippesA opinião pode apontar centenas de valores e não haverá acordo sobre nenhum. Naturalmente vai aparecer alguma entidade internacional com “prestígio indiscutível” que divulgará um critério “científico e lógico” determinando o valor numérico com duas ou três casas decimais da longevidade. Com ajustes periódicos programados e baseados em fórmulas indiscutíveis. Outras centenas de instituições discordarão e nem a ONU conseguirá a uniformidade.

Se utilizarmos o critério de esperança de vida baseado na média da idade e de sobrevida, em 2013 o Brasil apresenta uma expectativa de vida de 74,2 anos para ambos os sexos, com 70,5 para os homens e 78,1 para as mulheres (Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade – 1980-2050). Assim, seria possível admitir que longevidade, no caso do Brasil, seria um VIPPES viver em 2013 além de 78,1 anos se for mulher ou além de 70,5 anos se for homem. Mas se esses VIPPES se mudassem para o Japão lá não seriam longevos porque a expectativa de vida é maior: 82,6 anos para ambos os sexos em 2010 (Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade – 1908-2050). De maneira menos otimista seria possível considerar longevos aqueles que alcançassem a média da expectativa de vida.

Em quaisquer desses casos, o conceito de longevidade se baseia em probabilidades estatísticas o que contraria uma avaliação mais científica e biológica. Guerras, epidemias e desastres naturais podem modificar os números de um dia para outro.

Há uma corrente de pesquisadores e gerontólogos entendendo que a longevidade poderia ser identificada como a possibilidade biológica de duração da vida. Alguns estimam que o ser humano poderia chegar atualmente aos 150 anos de vida.

Muitos fatores servem de parâmetro para as teorias e com a tecnologia disponível, as possibilidades são muito ampliadas. As pesquisas com as células-tronco abriram uma porta imensa para tornar a idade do Matusalém bíblico nada mais que uma referência da nova realidade biológica. Mesmo sem as células-tronco, já é possível estender quase indefinidamente a vida humana através dos equipamentos de sobrevivência que permitem substituir os principais órgãos de sustentação do corpo humano.

Filosoficamente, o ponto de vista da longevidade não pode ser isolado da qualidade de vida. Não adianta chegar aos mil anos de vida dentro de um freezer de alta tecnologia de conservação do corpo humano ressuscitável. Como também não adianta passar dos cem anos em uma cadeira de rodas e com dois ou três tubos pendurados aqui e ali para substituir funções antes autógenas.

Longevidade é um bem? Longevidade é um objetivo? Longevidade é a felicidade?

Para quem a longevidade, entendida de uma forma ou de outra, é importante?

Muitas obras estão sendo colocadas no mercado livreiro sobre a longevidade. A maioria apresenta e demonstra soluções práticas para estender o tempo de vida através de condicionamentos alimentares, exercícios físicos e prática de comportamentos e atitudes otimistas.

Por outro lado, a longevidade começa no nascimento. Escapa da racionalidade a possibilidade de pensar na longevidade apenas quando declina a energia da juventude.

Faltam obras, palestras, cursos e trabalhos que adentrem a complexidade do tema longevidade em todas as suas faces e não apenas a mudança de peso.

Para efeito de demonstração das falhas de preocupação com a longevidade ainda que sob o exclusivo critério do tempo de vida, considere-se a arquitetura imobiliária e as condições de moradia.

Muitos estudos já foram realizados e confirmaram o elevado índice de VIPPES de 60 anos em diante acidentados por quedas dentro de suas residências. Em alguns houve registro da ocorrência de 2/3 de mortes por quedas residenciais entre o total de mortes por acidentes entre VIPPES de 65 anos em diante. Em outros estudos, constatou-se que 1/3 dos VIPPES com 65 anos ou mais são vítimas de quedas em suas residências e que um em cada quarenta é hospitalizado. Destaca-se ainda uma pesquisa de 32 meses realizada com 356 pacientes internados por ferimentos devidos à quedas e que 44 deles eram pessoas com 65 anos ou mais do sexo masculino sendo que 20 vieram a falecer dos ferimentos. (Mosenthal, 1995).

Em todos os estudos ficou claro que os índices de queda e de morte consequente, sobem estratosfericamente com VIPPES de idade mais avançada. Também se observou que os motivos de queda foram diversos incluindo uso de medicamentos, patologias da locomoção, etc. Fato relevante é a condição da moradia tanto dos pisos, quanto da arquitetura inadequada, mobiliário, decoração e outros elementos perigosos para pessoas com limitações de vários níveis.

Quantos anos de existência poderiam ser acrescentados à expectativa de vida dos VIPPES se houvesse uma significativa redução das quedas residenciais? Há muito que estudar, criar, modificar e buscar na conquista de uma longevidade maior e melhor aproveitada. Não se deve perder mais tempo.

Germano Hansen Jr.

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