- 07 de abril de 2019

Longevidade não é deficiência

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O envelhecimento populacional trará mudanças significativas em muitos conceitos que estão solidificados como se fossem definitivos. Longevidade é um deles. Longevidade não é deficiência.

logevidade nao e deficienciaLongevidade !

De acordo com o novo Aurélio, Dicionário da Língua Portuguesa, longevidade é a:
1.    qualidade de longevo;
2.    vida longa, dilatada.

E define para longevo: que tem muita idade.

Ter muita idade ou ter vida longa significa viver bastante tempo. Assim, o termo longevidade traduz uma idéia de tempo, simples e concretamente. Quando alguém busca a longevidade estará objetivando viver muito, estender a vida ao máximo possível. Longevidade não pressupõe problemas de saúde física ou mental, não estabelece condições, e sim, registra apenas o tempo.

Até agora o termo longevidade carregava a noção de desgaste, deterioração, declínio de condições físicas ou racionais. Ser identificado como longevo era (e ainda é para muita gente) uma deselegância com significado similar a velho, ultrapassado e com prazo de validade vencido. Longevidade vai se tornar uma palavra mágica, um atestado de amor pela vida e uma prova inquestionável da capacidade de superação do homem.

Todavia, há uma faixa de interpretação entre os dois períodos – a anterior e o futuro próximo – em que a longevidade está tendendo para ser interpretada como certo grau de deficiência.  O motivo para essa confusão é a tentativa de proteger determinadas minorias que, efetivamente, necessitam de atenção maior. Assim, mulheres grávidas, deficientes físicos em geral, crianças e doentes obtiveram direitos especiais para que pudessem exercer determinadas atividades sociais com prioridade.

Nessas classes minoritárias, demograficamente, acrescentou-se a de idosos.

Entendendo-se a classe de idosos pelo aspecto de quantidade de seus membros, a inclusão dela em medidas político-sociais do século passado até que era aceitável e justificável – 6,7% da população brasileira. Na prática era um idoso para cada vinte pessoas. Essa foi a época da proposta para o estabelecimento de um Estatuto do Idoso.

Pelo fato de ações públicas qualificarem as minorias comentadas em uma só categoria genérica, idosos, deficientes, doentes, grávidas se tornaram “farinha do mesmo saco”, ou seja, deficientes ou doentes de modo geral.

Nem as mulheres grávidas mereceram essa generalização (porque gravidez não é doença) e nem os idosos, porque idade não é sinônimo de doença. Naturalmente existem grávidas com problemas de saúde da mesma forma que idosos com problemas de saúde e também jovens com problemas de saúde. Conclusão mais justa: pessoas com problemas de saúde que tornem mais difícil viver são uma minoria que existe em todas as classes da população.

A constatação mais visível dessa mistura inadequada é vista nos maiores aglomerados de seres humanos atualmente: shopping centers, bancos e supermercados onde há placas e letreiros especiais para as minorias mencionadas. Todas juntas como se fosse uma só da mesma espécie: doentes, deficientes, idosos, mulheres grávidas.

Então, longevos não são doentes ou deficientes ainda que existam longevos doentes e deficientes doentes sem serem longevos. Dessa forma, longevidade é a condição de “vida longa, dilatada” aproveitando ainda a conceituação do novo Aurélio.

Nesta maneira de entender e aceitar a longevidade, é bom que os legisladores e a mídia formativa e informativa divulguem as novas e reais participações dos idosos de 60 anos em diante na população brasileira, conforme “Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade -1980/2050 – Revisão 2008”( IBGE), no quadro abaixo:

Ano

População 60 em diante

% s/total

1980

7.197.904

6,1

1990

9.897.152

6,7

2000

13.915.357

8,1

2010

19.282.049

10,0

2020

28.321.799

13,7

2030

40.472.804

18,7

2050

64.050.980

29,7

Como considerar minoria uma classe da população que já passa de 11% em 2013 e que será quase um terço do País em pouco mais de 35 anos? A longevidade não será nunca uma deficiência, mas sim, uma conquista da competência e vontade do ser humano em viver mais e chegar mais perto da perfeição.

Germano Hansen Jr.

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