- 07 de abril de 2019

Suicídio Assistido

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Um assunto que até agora tem sido evitado diz respeito ao chamado “suicídio assistido”. Admitido em alguns países (como a Suíça) apresenta-se como solução para pacientes terminais, principalmente idosos.

suicidio assistidoO envelhecimento populacional será uma alavanca para reforma e revitalização da sociedade. Muitas novidades surgirão, como, melhorar a qualidade de vida em geral e, principalmente, das pessoas com idade acima de 50 anos. Entretanto, também ocorrerá uma expansão de aspectos que não eram tão significativos em razão do volume pouco expressivo.

Um deles é o suicídio assistido.

Muitos pacientes idosos não desejam terminar a vida em condições físicas péssimas e totalmente dependentes. Por motivos de personalidade, nem todos querem ficar em uma cama passando por diferentes tipos de constrangimentos junto à familiares ou estranhos. Mesmo que a intenção dos cuidadores seja a melhor possível, existem pacientes idosos que não consideram válido viver sem autonomia e dependendo sempre dos outros, bons ou maus.

Não adianta querer postergar o problema para as próximas décadas porque os idosos estão aumentando dia a dia em proporções nunca registradas. Temos que avaliar agora e encontrar todas as alternativas possíveis de soluções razoáveis para que não tenhamos um mundo envelhecido triste, deprimente e, sobretudo, desumano.

Pois bem, o filme “Algumas Horas de Primavera” (Quelques Heures de Printemps) de Stéphane Brizé tem como tema central a relação difícil entre mãe e filho (excelentes interpretações de Vincent Lindon e Hélène Vincent). Como pano de fundo, porém, surge o suicídio assistido e que acaba se tornando um dos pontos mais impactantes do trabalho cinematográfico. Independentemente de qualquer legislação que aprove ou não a medida drástica, o suicídio assistido é um caminho que encurta a vida.

Mas que vida? Aí é que está o xis do problema.

Em primeiro lugar, o filme detalha as condições em que o suicídio assistido é legal e lícito. E apenas o indivíduo que vai passar pelo procedimento é quem decide a sua própria morte. Não são procedimentos clandestinos e isentos de autorização do Estado, muito ao contrário.  Então a questão principal é realmente a perspectiva da vida que o indivíduo vislumbra.

Desenganado pela medicina, sem esperanças de recuperação e em direção inexorável para cuidados paliativos – sem previsão exata de duração do sofrimento – acaba restando apenas a possibilidade de,  ainda consciente e capaz de poder afirmar a sua decisão, como enfrentar corajosamente a morte proclamada.

Amigos e familiares assim como a maioria das religiões e parte da sociedade consideram o suicídio assistido como inaceitável. Negam o direito da escolha de como e quando alguém pode morrer e defendem o sofrimento final como uma prescrição divina, como um “carma” obrigatório, uma espécie de pagamento antecipado para eventuais crimes. Negam ao Estado o direito de reduzir a vida de alguém mesmo que ela seja miserável e ausente de qualquer sentido ou benefício a quem quer que seja.

Enfim, a sociedade ainda não está muito preparada para enfrentar o problema sem o espírito isento de perplexidade pela aceitação da morte como fato natural. O filme não toma partido a favor ou contra. Apenas expõe e desnuda o suicídio assistido. Vale a pena assistir.

Germano Hansen Jr.

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