- 07 de abril de 2019

República de VIPPES

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Será que uma “República” de VIPPES é solução para abrigar os novos milhões de VIPPES que vão engrossar a participação etária no País? Um filme foi tema de interessante debate.

A Comissão de Bioética do Hospital Alemão Oswaldo Cruz em São Paulo em conjunto com a Diretoria Clínica e o Instituto de Educação e Ciências em Saúde do mesmo estabelecimento promoveram no dia 11 de abril em seu auditório no Bloco E, um evento muito esclarecedor para o complexo problema do envelhecimento populacional.

Inicialmente todos os participantes puderam assistir a projeção do filme “E Se Morássemos Todos Juntos?” com elenco de artistas consagrados entre os quais Jane Fonda e Geraldine Chaplin.

O filme – bem realizado e com magistrais interpretações – apresentou situações consideradas tabus em relação à VIPPES de idade mais avançada. Entre elas a sexualidade ainda invejável em alguns personagens.

Também a película comparou de maneira superficial, mas marcante, a diferente condição de vida em instituição “especializada” em VIPPES e em ”república” sem qualquer organização formal.

Outro ponto bastante destacado foi o choque intergeracional entre VIPPES e o filho de um deles exatamente sobre a questão principal que dá título para o filme.

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Terminado o filme que já teria encerrado um programa agradável, um debate de alto nível proporcionou oportunidade para a formação de ideias mais nítidas sobre os temas observados na produção cinematográfica.

Tendo a Dra. Janice Caron Nazareth – cardiologista e internista, gerontóloga e coordenadora da Comissão de Bioética do Hospital Alemão Oswaldo Cruz – como moderadora, as participantes debatedoras especialmente convidadas puderam acrescentar opiniões e esclarecimentos adicionais sobre os aspectos mais relevantes mostrados no filme.

Debatedoras:

Carmita H. N. Abdo: psicoterapeuta e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Letícia Andrade: gerontóloga e doutora em Serviço Social. Atuação no Núcleo de Cuidados Paliativos e no Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar – Geriatria HC-FMUSP.

Terminadas as análises e ponderações das debatedoras, a plateia formada por profissionais de várias áreas de atividades participou com perguntas e comentários que, além de complementar os temas debatidos, trouxe novas dimensões à maior mudança antropológica e social da civilização moderna, o envelhecimento populacional.

Qualidade de vida, novas carreiras profissionais, rendimentos na aposentadoria, lazer e sexualidade, previdência e trabalho, instituições de longa permanência, intergeracionalidade e educação para a longevidade construíram o mapa de uma noite muito bem planejada e executada com maestria.

Para os empreendedores e os responsáveis pelas políticas públicas, debates com esse tema são fundamentais para a tomada de providências obrigatórias que a população de idosos vai exigir.

O custo de uma instituição de longa permanência (ILPI) é elevado e o Estado não conseguiu ainda chegar a trezentas dessas unidades em toda a sua história (e nenhuma atende o padrão estabelecido para ser considerada uma ILPI dos dias atuais).

Quem tem atendido aos VIPPES desamparados ou solitários são instituições particulares sendo que a maioria está muito aquém das condições mínimas exigidas pelo bom senso.

Será que as eventuais “Repúblicas” de VIPPES com alguns ajustes sociológicos se tornariam viáveis como alternativa?

A resposta teria que vir de especialistas que acompanhassem por algum tempo a vida nessas “Repúblicas”. Se elas comprovassem que uma organização menos rígida e com custos menores melhoraria a aceitação dos VIPPES, talvez o futuro da sociedade envelhecida se tornasse menos preocupante.

Há muito a pesquisar e avaliar nesse terreno. Mas vale a pena investir tempo. E logo!

G. Hansen Jr.

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