- 05 de abril de 2019

Ministro “serial killer”!

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Repercutiu, no final de janeiro deste ano, a palavra do ministro das Finanças do Japão, sugerindo que fossem desligados todos os aparelhos e equipamentos que mantinham vivos VIPPES longevos.

taro_asoO ministro de Finanças do Japão, Taro Aso, disse que os idosos deveriam “se apressar e morrer” em vez de custar dinheiro ao governo em cuidados médicos até o “fim da vida”.

A fala do ministro caiu como uma bomba no arquipélago do País do Sol Nascente. Aso, que também é vice-primeiro-ministro do país, teria feito a declaração durante uma reunião do Conselho Nacional de Reformas da Segurança Social. “Deus nos livre se você é forçado a viver quando você quer morrer. Você não pode dormir bem quando você pensa que é tudo pago pelo governo”, completou. “Isso não vai ser resolvido, a menos que você permita que eles se apressem e morram”, disse ele. “Eu não preciso desse tipo de atendimento. Vou morrer rapidamente”, argumentou Aso, acrescentando que ele havia deixado instruções para que sua vida não seja prolongada artificialmente. Durante a reunião, ele chamou de “povo tubo” os pacientes que não conseguem se alimentar.

Ora, ora, nem os “kamikazes” conseguiram balançar o povo amarelo da mesma maneira explosiva que o manipulador do dinheiro estatal. Sempre houve um formidável respeito aos VIPPES naquele país da Ásia. Tanto do ponto de vista do Estado, quanto do povo e dos familiares. Lá, os VIPPES são prestigiados e homenageados. O local do Japão que apresenta a maior proporção de centenários em todo o mundo – Ilha de Okinawa – é conhecido internacionalmente como a terra dos anciãos mais respeitados do planeta.

Como é então que um ministro poderoso emite uma recomendação de tal magnitude, pior que um tsunami?

A justificativa foi de caráter econômico/nacional. O ministro alegou que os sistemas de previdência e de saúde não conseguiriam aguentar a manutenção da grande quantidade de indivíduos idosos e improdutivos que continuam vivos graças unicamente a sofisticados equipamentos de sobrevivência. O ministro deixou claro que como responsável geral pelas finanças públicas, não poderia concordar com o estouro de contas por causa da vida de longevos que nada mais contribuíam para a saúde monetária e econômica do país.

Tecnicamente, o ministro falhou ao confessar que não há um planejamento adequado das finanças públicas para suportar os custos do Estado. Foi possível entender que o Estado é o maior financiador da sobrevivência dos VIPPES, pois não se admitiria um comentário que fosse invasivo às decisões de caráter particular.
Por outro lado, o ministro pertence a um governo imperial que, felizmente, não tem mais o mesmo poder de fazer uma guerra mundial, mas do qual se exige no mínimo o respeito às tradições culturais e humanas do Japão. E o ministro “pisou na bola”. O dia ainda não havia acabado quando o ministro decidiu pedir desculpas ao povo japonês pelo “equívoco” na forma de se expressar. Com os seus 72 anos, informou que ele tomara a decisão de impedir que fosse ligado a qualquer tipo de aparelho para manter a vida artificialmente.

Em outros tempos, depois de um “equívoco” desse porte em relação a uma das mais tradicionais e poderosas crenças japonesas que é o respeito e honra aos ascendentes, o mínimo que se esperaria seria um “haraquiri”. Mas isso era coisa de samurais onde a honra não era substituída por desculpas. O envelhecimento populacional trará consigo muitos desafios e um dos mais complexos será a manutenção de uma enorme população de VIPPES longevos , com ou sem equipamentos de sobrevivência artificial.

É necessário que todos os setores de inteligência do País estabeleçam um pensamento positivo e otimista para o planejamento da vida em uma sociedade envelhecida. Planejamento de vida e não programação da morte. A diferença entre um e outra é insuperável. O ministro das finanças japonês pensou em operar com a segunda e acabou sendo obrigado a começar com a própria.

O Portal VIPPES Negócios opera com a convicção que o planejamento de vida proporcionará a toda a sociedade uma transição etária pacífica, eficaz, e sobretudo, adequada à dignidade do ser humano. Dá muito trabalho, mas vale a pena!

Muito provavelmente, teremos um futuro com muitas Okinawas e sem “seriais killers” disfarçados em ministros das finanças.

Germano Hansen Jr.

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