- 07 de abril de 2019

Idosos nos EUA

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Conhecer o que se passa no Exterior em relação ao desafio do envelhecimento populacional é interessante, conveniente e necessário. Republicamos um artigo sugestivo e intrigante.

idosos_nos_eua1Nem sempre é acertado selecionar alguns pontos em determinadas notícias. Quando é possível e a reprodução é permitida pelos editores, vale a pena transcrever. Assim, reproduzimos abaixo o artigo divulgado no Boletim “Outras Palavras – nº 407, de 10 de junho de 2014”.

“Por Tod Newcombe | Tradução Isis Shinagawa, na Samuel

Por que as pessoas vivem nas cidades? Obviamente há várias razões que vão desde oportunidades de trabalho até fácil acesso a manifestações culturais. Mas, para nossos propósitos, uma das razões é a independência. Diferentemente de lugares rurais ou suburbanos, onde a movimentação depende em grande parte de se possuir um carro, os centros urbanos têm muitas opções para as pessoas circularem pela cidade, graças a bairros populosos acessíveis a pé e à grande malha do transporte público.

Independência também é um dos principais motivos para se envelhecer nas cidades. Em parte, este desejo ocasionou o aumento na tendência de aglomeração de idosos nas cidades.

Tais agrupamentos foram observados em 1986 pelo professor da Universidade de Wisconsin-Madison, Michael Hunt, que os nomeou espontaneamente de comunidades de terceira idade ou NORCs [em inglês, Natural Occurring Retirement Communities]. Estas comunidades não foram construídas propositalmente para os idosos; elas evoluíram de forma natural devido ao envelhecimento dos adultos naqueles locais.

De acordo com a Administração de Idosos, cerca de 17% dos idosos norte-americanos vivem atualmente em NORCs no país. Algumas organizações estimaram esse número próximo a 36%. De qualquer forma, a expectativa é que esta porcentagem aumente nas próximas décadas. Em 2030, o número de idosos com mais de 65 anos excederá 72 milhões, um crescimento de 40 milhões desde 2010.

Nova York, como esperado, é o epicentro das NORCs: são 27 delas em quatro distritos. Enquanto a maioria está aglomerada em edifícios residenciais de muitos andares, como os Co-op City, no Bronx, outras se espalharam por bairros inteiros. As NORCs horizontais têm se transformado em “vilarejos de idosos”, que atualmente são encontrados em mais de 120 pequenas e grandes cidades pelo país. Os “vilarejos” são diferentes das NORCs; neles, pessoas de certa idade se unem e formam organizações não governamentais que fornecem vários serviços: de transporte e consertos domésticos a cuidados médicos. Os membros pagam uma taxa anual que varia de US$ 500 a US$ 1000, sendo que os idosos de baixa renda recebem desconto.

Programas de apoio

Um desafio encontrado pelos moradores dos vilarejos e das NORCs é a instalação de facilidades específicas para tornar suas casas “amigáveis”. Por exemplo, grande parte do parque habitacional da Filadélfia é velho e difícil de ser renovado. De acordo com a Philadelphia Corporation of Aging (organização que representa os idosos), mais de 70% dos idosos da Filadélfia têm casa própria. Eles também tendem à pobreza – a Filadélfia ocupa o sétimo lugar na escala de pobreza do país –, portanto não possuem recursos para adaptar as próprias casas enquanto envelhecem.

De acordo com o jornal “Philadelphia Inquirer”, uma solução é mudar o código da cidade para que os proprietários possam transformar o primeiro piso ou a garagem das casas em apartamentos habitáveis para os idosos. A outra solução é fazer com que 10% de quaisquer construções sejam feitas para atender os cadeirantes.

Um desafio específico que as NORCs enfrentam é a falta do apoio da comunidade. Para tratar esta questão, várias cidades estão criando programas de serviços de apoio (PSA), que são, em essência, parcerias entre organizações locais para o fornecimento de serviços, como transporte para os idosos. Uma vez que uma NORC satisfaz certos critérios, ela pode passar a receber serviços de apoio locais, estaduais e federais. Um dos primeiros PSAs foi criado pela seção nova-iorquina da Jewish Federations of North America; hoje é considerado um dos modelos de provimento de serviços que um PSA deve fornecer aos idosos.

Conforme o número de idosos cresce nas cidades, o conceito das NORCs ganha mais espaço, acarretando algumas brigas entre os residentes, os comerciantes e os idosos que escolheram permanecer e criar sua própria comunidade no local. Tome-se como exemplo o McDonalds do Queens, em Nova York, que, desde janeiro decidiu estabelecer um limite de 20 minutos para a refeição de seus clientes, um esforço para forçar um pequeno grupo de idosos coreanos, frequentadores regulares, que se reunia na lanchonete durante o horário de pico, a deixar o local. A lanchonete disse que o grupo de idosos estava usando as dependências para socializar, não para comer. Os idosos disseram que o McDonalds era útil e os permitia ficarem juntos.

Michael Kimmelman, um colunista do “The New York Times”, chamou o McDonalds de “NORC natural”, pois permitiu que o grupo superasse os problemas de solidão que enfrentava. “Eles foram levados até lá pela proximidade e pelo preço, mas ficaram pelo companheirismo.”

Muitas ideias podem sair desse texto para a cabeça de empreendedores que quiserem aproveitar as oportunidades criadas pelo maior fenômeno social do século XXI.

G. Hansen Jr.

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