- 06 de abril de 2019

Alemanha em risco

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A grande nação germânica está em desarmonia face ao envelhecimento etário. Há nitidamente uma controvérsia sobre providências para barrar a redução populacional e o desafio etário.

alemanha_em_riscoNinguém duvida da qualificação da Alemanha como nação desenvolvida. É o país de maior população da União Européia e o segundo em população se considerarmos o total do continente europeu (só perde para a Rússia). Para se fazer uma avaliação melhor da situação demográfica que já provoca controversas opiniões e posições políticas no gigante germânico, abaixo está um quadro sintético da demografia alemã até 2012.

Verifica-se que a Alemanha atingiu o pico populacional em 2005 e a partir daí é evidente a redução no volume de habitantes. Lembramos que o mesmo vai acontecer no Brasil a partir de 2043.

Na Alemanha cresce a cada ano o índice negativo da taxa de crescimento – em 2011 houve reajuste nos números demográficos em razão do censo oficial de 2010. A correção demonstrou que a redução está em nível muito mais alto do que se acreditava.

Parece que os dados iniciais de 2013 indicam a redução em relação a 2012 foi de cerca de duzentos mil habitantes.

População da Alemanha conforme  Indexmundi
Fonte: http://www.indexmundi.com/pt/alemanha/populacao.html

Ano

População

Total

 

Diferença

anual

 

Taxa de       Crescimento

Esperança de Vida   anos

2003

82.398.326

 

0,04

78,42

2004

82.431.390

33.064

0,02

78,54

2005

82.431.390

0

0,0

78,65

2006

82.422.299

-9.091

-0,02

78,80

2007

82.400.996

-21.303

-0,03

78,95

2008

82.369.548

-31.448

-0.04

79,10

2009

82.329.760

-39.786

         -0,05

79,26

2010

82.282.990

-46.770

         -0,06

79,41

2011

81.471.830

-811.160

         -0,21

80,07

2012

81.305.860

-165.970

         -0,20

80,19

Essas “novas revelações” criaram um ambiente interessante na grande potência. Com a redução populacional em franco progresso, chama à atenção a formidável redução da taxa de natalidade e o aumento rápido da quantidade de idosos.

Há um fato curioso e preocupante nessa nova situação observada na Alemanha. Curioso porque parece que a maioria do povo alemão não acredita que a Alemanha deva se preocupar ainda que as estatísticas ofereçam motivo para isso. Tudo indica que os germânicos se considerem capazes de resolver qualquer problema a qualquer momento.

Preocupante porque há uma minoria que considera a situação etária crítica e sem condições de correção neste século.

Para comprovar a importância do problema, seguem alguns trechos de uma análise já publicada nos últimos dias na imprensa alemã:

                            República senil favorece a juventude

Há mais mortes que nascimentos na Alemanha. Há anos. Em pouco tempo, os anciães constituirão a grande maioria da população alemã. Isto causará uma catástrofe demográfica de dimensões inusitadas. Os políticos e os cidadãos sempre ignoraram o problema: agora, parece demasiado tarde para encontrar uma solução.

A população é cada vez mais velha na Alemanha.

Segundo os prognósticos das Nações Unidas, a população alemã diminui em cerca de 200 mil pessoas a cada ano. Para melhor exemplificar o que significa tal número abstrato, o semanário Die Zeit lançou mão de um artifício, em artigo publicado recentemente. Sugeriu que se tome um mapa da Alemanha e, a cada ano, se apague uma cidade que tenha em torno de 200 mil habitantes. No ano de 2050, existiriam então 47 cidades-fantasmas no território alemão. E todas de médio porte, como Lübeck, Magdeburg, Erfurt ou Kassel.

A população alemã envelhece e se reduz a olhos vistos. De uma forma tão rápida, que até mesmo uma imigração maciça ou uma explosão repentina do número de nascimentos não solucionariam o problema. Serviriam apenas de paliativo, retardando um pouco o processo. Para evitar o rápido envelhecimento da população da Alemanha, calculam os especialistas da ONU, seria necessária uma imigração anual de 3,4 milhões de pessoas jovens. Isto significaria o acolhimento de cerca de 160 milhões de estrangeiros até o ano 2050: o dobro da atual população alemã.

Apesar da gravidade da situação, o problema ainda é praticamente ignorado pelos políticos e pela própria população.

O tema da velhice é um verdadeiro tabu, talvez um dos últimos que restam aos alemães. Não se pergunta a idade, ninguém fala dela. A incúria da classe política em relação ao assunto tem também um fundo histórico. Expressões do tipo “política populacional” ou “política demográfica” evocam na memória coletiva dos alemães a recordação da demência racial dos nazistas. E isto faz com que as autoridades alemãs sempre evitem falar abertamente da questão.

Parece quase impossível que a grande inteligência que identifica o povo alemão possa ignorar a substituição etária que se processa no país. Na verdade talvez queiram ignorar.
Maior preocupação é com o que acontece no Brasil que não passou por duas guerras mundiais e não teve um regime nazista.

O Brasil não tem motivos históricos para desconhecer a importância da transição etária, mas tem uma vantagem comportamental de grande otimismo que favorece tratar a transição etária como uma fantástica oportunidade de desenvolvimento de negócios.

É imperativo que todos os agentes ativos da nacionalidade cerrem fileiras lado a lado para enfrentar o nosso desafio etário que é mais rápido e mais intenso que o da Alemanha.

Estamos atrasados, mas não é “demasiado tarde” como parte do povo alemão já rotulou.

G. Hansen Jr.

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