- 07 de abril de 2019

75 Inativos X 100 Ativos

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Essa é a relação apontada pelo IBGE para a demografia econômica brasileira em 2050. Qual economia poderia prosperar com essa relação? A nossa vai ter que conseguir porque já estamos na estrada sem retorno.

ibgeTranscrevemos o trecho da análise do IBGE:

“Um primeiro indicador, razão de dependência total, relaciona o total da população em idade potencialmente inativa (menores de 15 anos e 60 anos ou mais) com a população em idade potencialmente ativa (15 a 59 anos). Este indicador reflete o peso ou “carga econômica” do grupo formado por crianças/adolescentes e idosos sobre o segmento populacional que poderia estar exercendo alguma atividade produtiva. A tendência dessa “carga econômica” é de redução até 2020 (50,9 inativos para cada 100 pessoas em idade ativa), iniciando-se reversão dessa tendência a partir dessa data, principalmente em função do aumento do contingente de idosos, tanto em termos absolutos quanto relativos, chegando, em 2050, a uma relação de 75 pessoas inativas para cada 100 em idade produtiva”.

Esta transcrição faz parte de uma completa avaliação sobre as características do envelhecimento populacional que periodicamente o IBGE divulga para a mídia e interessados em todo o País.

Tão preocupante quanto a relação de Inativos e Ativos é o aspecto das diferenças regionais no País. Não existe uniformidade. A desigualdade é estrutural e não pode ser resolvida a curto ou médio prazo. Teremos, entretanto, que realizar o “milagre”: manter a sociedade ativa, socialmente equilibrada e economicamente progressiva.

É possível? Como?

Naturalmente nada será obtido através de uma fada-madrinha ou de um “Mister X”  da era tecnológica. Muito trabalho e competência serão essenciais para a empreitada.

Inicialmente é preciso que haja uma integração nacional em torno do problema. Integração nacional porque toda a sociedade brasileira deverá ser engajada no processo e o desequilíbrio regional terá que ser encarado por algum ângulo positivo.

Integração nacional compreende basicamente uma vontade política única. Vontade política única e não Partido ou Pensamento político único. Situação e Oposição terão que se entender em alguns pontos básicos do fenômeno etário e traçar um programa apartidário que deverá ser seguido daqui para frente independentemente de qualquer alternância no Poder.

As “cabeças” pensantes do País suportadas pela Universidade deverão fazer um planejamento estratégico para 50 anos, obter a aprovação pelo Congresso Nacional e torná-lo obrigação constitucional. Os Partidos políticos terão que incluir em seus programas o planejamento demográfico nacional de 50 anos como item pétreo sob pena de perderem a licença de funcionamento.

Isso é factível?

Vai ter que ser, pois não haverá alternativas melhores. O que a Independência e todas as Repúblicas e governos autoritários não conseguiram, a transição etária forçará a se obter.

A economia do País não sobreviveria aos fatores:

– redução populacional já com data marcada (2039);
– redução dramática na taxa de fecundidade;
– redução sensível na taxa de natalidade;
– redução admirável na taxa de mortalidade (aumento da esperança de vida);
– políticas sociais atuais com ênfase nos idosos baseadas em pirâmide do  século XX;
– desigualdades regionais;
– deficiências estruturais no atendimento à saúde;
– sistema previdenciário deficitário.

Alguém poderia argumentar que “mudar alguma coisa na sociedade contando com a boa vontade e compreensão dos políticos é investir em sonhos e fantasias”. Talvez o envelhecimento populacional seja efetivamente a última das armas capaz de “enfiar” no cérebro escasso da classe política atual a noção de sobrevivência.

Não há mais tempo para discursos ocos e projetos de efeito laudatório. A transição etária pode se tornar um tsunami apocalíptico para o País.

Germano Hansen Jr.

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