A Ciência e a Pesquisa usam os fatos repetitivos como base para interpretação, análise e previsões. O mais difícil é tentar imaginar o futuro com fenômenos que nunca ocorreram antes. O envelhecimento populacional é um deles.
A pirâmide que acabou, produziu milhares de avaliações científicas sobre a importância da juventude no desenvolvimento da sociedade.
O Brasil e o mundo atravessaram quase cem anos de valorização da importância dos jovens em todas as atividades humanas.
Agora, a massa de VIPPES (que era a juventude antes endeusada) começa a ocupar um espaço que era rarefeito no antigo gráfico da pirâmide. A base que era ampla e larga vai ficando mirrada, assustando até os otimistas que ainda esperam uma reversão no comportamento reprodutor de homens e mulheres.
Como o envelhecimento é uma combinação de redução de natalidade e aumento da longevidade, a reversão se daria com inversão nas duas variáveis.
Como diminuir a longevidade? Matando as pessoas? Premiando o suicídio de VIPPES? Eliminando ou reduzindo o tratamento de doenças e insuficiências?
Nenhuma dessas possibilidades deve ser considerada como digna e não bate com a história do País. Quanto a aumentar a taxa de natalidade, o que se pode fazer: bolsa maternidade?
Bolsa paternidade? Prêmios por proles enormes? Essas são mais aceitáveis, mas precisam do suporte de um grande crescimento da economia nacional, pois a maior parte da redução da natalidade se deve às dificuldades financeiras para criar filhos.
De qualquer maneira, a transição etária modificará o comportamento da sociedade e essa mudança nunca aconteceu. O envelhecimento populacional veloz é acontecimento inédito e ninguém adquiriu experiência para administrá-lo adequadamente. Muitas medidas e soluções serão empíricas e o ajuste terá que ser durante o processo.
Prever as situações, prover recursos para as emergências e ficar atento aos desvios será fundamental para fazer da transição etária um Eldorado de oportunidades. O País poderá dar um salto enorme com a maturidade dos VIPPES em expansão demográfica significativa.
Um exercício muito interessante é tentar definir o desconhecido. Como será a nova sociedade? Como a juventude reagirá à perda de sua exuberante participação majoritária na demografia das últimas décadas? A Ciência terá que entrar rapidamente nessa avaliação para que o planejamento estratégico não se torne apenas uma “adivinhação”.
Germano Hansen Junior
