Estão circulando em publicações em todos os veículos, artigos sobre demografia e o envelhecimento populacional (substituição etária). Mas a confusão de conteúdo acaba com a confiabilidade.
Muitas informações entram por um ouvido e saem pelo outro praticamente sem fazer uma mínima escala no cérebro ou deixar uma impressão na retina (logo, no cérebro novamente).
Há, entretanto, outra espécie de notícia, comentário ou análise que proporciona material para uso em circunstâncias próprias para estudos, projetos ou apenas alimento para a massa cinzenta. Nenhuma é pior ou melhor que a outra porque as finalidades são contraditórias. No primeiro caso não existe nenhuma responsabilidade nem do emissor da informação e muito menos do receptador.
No segundo caso já ocorre um processo complexo de responsabilidade. O emissor precisa estar bem documentado e apresentar dados sujeitos a confirmações e provas de veracidade ou de fonte confiável. O receptador trabalhará com os números, indicadores ou simples dados e formulará ideias, serviços, produtos, obras, manuais e ferramentas de estudo, instrução e aperfeiçoamento pessoal e profissional.
Teoricamente deveria ser relativamente simples identificar um caso do outro, mas com a Internet, a televisão e os instrumentos de comunicação atuais, torna-se um desafio ter certeza de que pedras são pedras.
O envelhecimento populacional (que o Portal VIPPES Negócios prefere tratar por “substituição etária” por razões de mercado) tem dado motivo à divulgação de muitos artigos de ocasião.
Alguns são até assinados por profissionais e por notórias pessoas, além de celebridades.
O problema é que a maioria – e isso é preocupante – dos textos é confusa e repleta de números com difícil ou impossível consolidação. Quanto aos números nota-se a utilização de fontes diversas. Esse é o primeiro problema porque as fontes normalmente buscam informações de seu exclusivo interesse e é muito improvável que se conheça os detalhes desse interesse específico.
Uma fonte pode querer trabalhar apenas com as classes socioeconômicas A/B e exclusivamente em municípios com um determinado número mínimo ou máximo de habitantes. Sem o conhecimento ou a divulgação desses parâmetros, os resultados da pesquisa ou levantamento de dados se tornam inútil.
Outro problema é a data de obtenção dos dados. Uma determinada fonte realiza a pesquisa em 2009, outra em 2010, uma terceira em 2011 e a última em 2012. A publicação em 2013 iguala números de quatro anos diferentes. O Brasil está mudando muito rapidamente. Em quatro anos os VIPPES cresceram em 5 milhões de indivíduos e aumentaram a sua participação no total em cerca de 2%. É uma alteração extraordinária não existente e observada em nenhum país desenvolvido no planeta. Como os dados colhidos em quatro anos diferentes podem ser confiáveis para estabelecer análises para projetos?
Um terceiro problema e talvez ainda mais grave é a mescla de itens de um mesmo tema.
O assunto envelhecimento populacional é complexo e tratá-lo em um único artigo é impraticável. Assim, muitos pesquisadores e estudiosos escolhem um determinado aspecto e elaboram um artigo sobre ele. Em geral é um bom artigo e segue os preceitos adequados para se tornar uma referência.
Acontece que surge um autor que sem criar ineditismo ou pesquisa própria, junta vários artigos bons e com um pouco destes e um tanto daqueles elabora uma miscelânea sem um núcleo definido. Quando o leitor ávido de conhecimento lê o artigo acaba por não compreendê-lo. Esse leitor pode jogar o artigo fora ou retransmiti-lo. A melhor alternativa seria a primeira, mas o que se tem visto é o domínio da segunda. E então vai para o mundo da comunicação um artigo truncado e impossível de melhor aproveitamento.
Muitas vezes fica rodando meses aqui e ali, acaba sendo cortado ou reduzido e até mesmo aumentado ou “corrigido” e aí se torna um verdadeiro câncer em termos de Ciência e Pesquisa. O Portal VIPPES Negócios tem como linha mestra de conduta a divulgação de pesquisas, notícias, informações e análises fundadas em dados reais e fontes confiáveis. Com assunto sério não se pode fazer “picadinho”.
G. Hansen Jr.
