- 05 de abril de 2019

Envelhecimento sonegado

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Entrevistas realizadas com dezenas de estudantes universitários em São Paulo revelaram a ausência de informações sobre o envelhecimento populacional. Surpreendente e preocupante!policia etaria

Foram entrevistados cerca de 80 estudantes do último e penúltimo ano de seis Faculdades de grande e médio porte. Todos ficaram surpresos com o próprio grau de desconhecimento do tema que acharam de grande importância para a formação profissional. Nenhum dos estudantes sabia da redução populacional pela qual vai passar o País na década de 2040.

Consideraram o fato como “incrível”. Informaram ter uma “ideia” de que “aumentou o número de velhos”, mas demonstraram incredulidade em relação ao processo. Todos revelaram surpresa com a importância do assunto e lamentaram que nunca tivessem ouvido nada a respeito em todos os semestres já completados. A maioria considerou uma “grande falha” no currículo não haver aulas ou palestras com essa perspectiva.

Consideraram que para o exercício de suas profissões, essas projeções são essenciais e que não poderiam sair com um diploma, ignorando a realidade que terão de enfrentar.

Alguns chegaram a afirmar que se fosse preciso, suportariam um programa adicional com “essa matéria”. Mencionaram que suas faculdades costumam promover palestras e seminários sobre temas variados e que contam créditos para obtenção de aprovação em certas matérias. Não entendem por que o envelhecimento populacional não entrou no programa de conferências e créditos.

Várias consultas foram feitas para saber se haveria possibilidade de se fazer uma apresentação do tema em suas faculdades. O que pareceu muito claro nas demonstrações observadas foi o “choque” com as projeções para os próximos anos. Não aceitavam a ignorância com um problema do qual não poderiam “cair fora”.

Continuavam com a noção (falsa) sobre o crescimento da população brasileira e a participação maciça de crianças e jovens no conjunto.

Ficou evidente nesse grupo de quase uma centena de jovens, que o conhecimento é a principal alavanca da conscientização. No momento em que tomaram ciência de uma situação inevitável, demonstraram interesse profundo em saber detalhes. Não se furtaram a abrir portas para a informação.

Evidentemente não se pode inferir que todas as instituições de ensino no País apresentem a mesma situação curricular, entretanto, é lícito imaginar que a maioria não inclui o envelhecimento populacional como matéria obrigatória. Sonegação de informação essencial para uma juventude em formação não seria um crime social?

A prevenção é, nesse caso, insubstituível. Se o crime se materializar, nenhuma pena será suficiente para compensar o prejuízo da sociedade. Sem esquecer que a legislação brasileira determina a inserção de conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, em todos os níveis de ensino formal (Leis 8.842 e 10.741).

G. Hansen Jr.

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