- 03 de abril de 2019

Transição comportamental

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A transição etária é também uma transição de comportamento social. A expansão dos VIPPES e a redução significativa de crianças e jovens provoca alteração significativa no relacionamento intergeracional.Foto: Reprodução

É inevitável a mudança de comportamento em todas as classes etárias. Não haverá problema de luta por espaço físico porque a estabilização na quantidade de habitantes seguida de antes inimaginável redução diminuirá a densidade demográfica neste que já foi rotulado como País Continente.

Os problemas acontecerão no nível comportamental mesmo. Os VIPPES deverão ter mais confiança em si mesmo visto que terão o domínio econômico-financeiro na sociedade e será o único grupo etário a se expandir continuamente neste século.

No mercado de trabalho onde os jovens eram reverenciados como a grande reserva estratégica de mão de obra, serão os VIPPES que prolongarão os anos de atividade e ocuparão as vagas disponíveis para quem apresentar maior experiência em contatos pessoais. Até poucos anos atrás, os VIPPES sabiam que a qualquer momento seriam substituídos por colaboradores mais jovens, já preparados com as novas tecnologias de informação. Esse também foi um período de transformação de comportamento e muitos VIPPES tiveram dificuldades para manter equilíbrio emocional e acompanhar as inovações.

Agora, a adequação a uma sociedade que prolongou a existência da vida está em curso. Os VIPPES já começam a se sentir como membros atuantes e não mais peças descartáveis à espera da morte. Começam a perceber que de minoria terminal iniciam uma formidável ascensão na composição populacional. Logo constatarão que ficarão indispensáveis para a manutenção do Estado.

O comportamento geral sofrerá alterações porque a própria nova perspectiva de esperança de vida com dignidade exercerá efeitos motivadores para enfrentar os problemas da própria idade. Por outro lado, a classe etária logo abaixo dos VIPPES (o pessoal entre 40 a 50 anos) reduzirá o estresse que ocorria em razão da reação negativa da sociedade para aqueles que atravessavam a barreira de meio século de vida. Eles não terão mais o medo da demissão, da falta de emprego, da ausência de objetivos de vida.

As crianças, então, serão fortalecidas e cuidados adicionais serão necessários para que o seu comportamento não se transforme em uma complexa dificuldade educacional e relacional. Como paulatinamente se tornarão um grupo populacional de menor porte e serão a garantia da continuidade da família e da própria Nação, merecerão tratamento especial. Sem limites bem definidos poderão perder a noção do equilíbrio entre direitos e obrigações e exigir vantagens indevidas e injustas.

Adolescentes e jovens também atravessarão desvios comportamentais em razão da mudança geral de atitudes nas demais classes etárias.
Independente das condições logísticas que garantirão a sobrevivência, o inter-relacionamento se intensificará porque o envelhecimento populacional é fenômeno inédito e ninguém foi preparado suficientemente para enfrentá-lo. A abertura maior para aceitação dos diferentes ângulos de visão da vida com suas vantagens e dificuldades, não nivelará, mas provavelmente reduzirá a diferença comportamental na solução dos problemas de convivência.

Crianças, jovens, adultos e VIPPES terão que interagir sem restrições e preconceitos para não responderem pela continuidade da diminuição populacional.

Os pesquisadores e estudiosos que trabalham com o universo das análises comportamentais e sugerem maneiras de resolução de conflitos, têm muito trabalho pela frente, pois já estamos em marcha acelerada no processo da transição etária.

Psicólogos, analistas terapêuticos e psicanalistas serão participantes imprescindíveis na obtenção de uma indispensável paz social alicerçada por equilibrado comportamento pessoal de todos os membros da nova sociedade envelhecida.

Wolfgang K. L.

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