- 07 de abril de 2019

Planos de Saúde podem falir!

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Não se trata de uma profecia idiota. O envelhecimento populacional é uma guilhotina prontinha para acabar com os bons resultados financeiros de todos os Planos de Saúde, inclusive os Públicos (SUS, etc.).

cade_os_novos_planos_de_saudeNão é preciso viajar no tempo até um futuro próximo para reconhecer o alerta do título. Já atravessamos o umbral da transição etária. Conforme dados do IBGE (Projeção da população do Brasil por sexo e idade – 1980/2050 – Revisão 2008) o ano de 2011 trouxe uma marca sombria para os destinos da Nação: foi o primeiro ano de um novo ciclo demográfico sem perspectivas de alteração nas próximas décadas. Pela primeira vez nos últimos dois séculos, o Brasil teve iniciada uma elevação na taxa de mortalidade por mil habitantes.

Em 2010 havíamos registrado a última menor taxa (6,27%), que havia se mantido a mesma desde 2006. De 2011 em diante só crescimento dessa taxa – mesmo com o aumento da esperança de vida ao nascer. Apenas para reforçar a preocupação com a situação demográfica, tendo como base o ano de 2011 e como fecho o ano de 2050, a taxa de mortalidade por mil habitantes apresenta uma previsão de aumento de 76,9% (salta de 6,29 para 11,13%).

Já a esperança de vida ao nascer, no mesmo período, passa de 73,67 anos para 81,29 anos, ou seja, um aumento de 10,3%. Assim, mesmo com esse significativo aumento na qualidade de vida e saúde, a taxa de mortalidade é elevadíssima. Teríamos que melhorar extraordinariamente a esperança de vida (saúde principalmente) para diminuir a mortalidade.

Os Planos de Saúde em sua quase totalidade estão estruturados de uma forma atuarial que obtêm uma arrecadação substancialmente majoritária de indivíduos jovens e com idade inferior a 50 anos. A maioria é saudável e só procura atendimento médico/hospitalar nas emergências reais acidentais ou em situações inesperadas de doenças.

Boa parte dos associados desses planos o utiliza principalmente como um seguro-saúde, uma espécie de poupança para eventualidades médicas/hospitalares. A composição etária mais jovem nos Planos de Saúde tem sido a coluna mestra para garantir um nível razoável de atendimento e um custo de adesão aceitável.

O problema é que o envelhecimento etário vai “desbalancear” a estrutura econômico-financeira dos Planos.

Os VIPPES em número velozmente crescente, naturalmente irão necessitar de atendimento médico/hospitalar em volume tsunâmico. A condição natural saudável de mais de 80% dos associados dos Planos de Saúde estará sendo reduzida sensivelmente com o envelhecimento inexorável dos seus membros. Os administradores se verão forçados a aumentar pesadamente as mensalidades ou cancelar sistematicamente parte dos benefícios ou mesmo promover a exclusão de parte dos associados.

Nenhuma mágica poderá ser praticada para dar sustentação ao custo da saúde dos VIPPES em expansão demográfica. Uma prevenção da saúde melhor e mais racional seria uma das alternativas para reduzir as doenças da idade, mas isto teria que ter sido iniciado cerca de duas décadas atrás.

Antes tarde do que nunca. O que não é racional é esconder a cabeça na areia esperando que as coisas mudem. O envelhecimento populacional é inexorável e os Planos de Saúde não podem esperar pelo caos. Terão que enfrentar a mudança etária desde já.

Germano Hansen Jr.

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