- 07 de abril de 2019

Shakespeare – Um VIPPES empreendedor?

0

Shakespeare é aclamado em todo o mundo ocidental como um de seus maiores gênios do planeta cuja vida segue sendo investigada de maneira detalhada nos últimos 400 anos. “Shakespeare e a Economia” é um livro que surpreende.

shakespeare e a economaO crescimento da população VIPPES gera oportunidades aos empreendedores, que podem se especializar em atender tal público, com produtos e serviços focados para esta geração. Agências de turismo, academias, e por que não promover livrarias também? Bibliotecas? São mais do que necessárias. Provando: alguém poderia imaginar que, um VIPPES, o famoso autor inglês, Shakespeare, também fora um empreendedor mesmo tendo quatro mil novos títulos sobre ele, produzidos a cada ano?

Os fatos de sua vida efetivamente documentados são escassos.

Em lançamento da Editora Jorge Zahar (www.zahar.com.br),  “Shakespeare e a Economia”  reúne dois ensaios que analisam o dramaturgo pela perspectiva da economia. O primeiro, “A economia de Shakespeare. O retrato do capitalismo quando jovem”, escrito por Gustavo Franco, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e ex-diretor do Banco Central, e que trata da economia do teatro. Já o economista Henry Farnam, em texto de 1931, foi o primeiro a se ater às alusões a temas econômicos na dramaturgia do inglês, no ensaio intitulado “A economia em Shakespeare”, segunda parte deste livro.

Em um texto muito original, pode-se descobrir um outro lado pouco conhecido de Shakespeare, ou seja, o economista Gustavo Franco tece uma análise sobre Shakespeare como empresário de teatro. Quem diria… Shakespeare, um Vippes empreendedor! Ator e diretor  de sucesso, ele enriqueceu  administrando seu teatro.

Mas, como? No texto de Franco, descobrimos que, entre 1560 e 1642, mais de 50 milhões de pessoas passaram por casas de espetáculos, em Londres, pouco mais de 600 mil espectadores por ano, o que é um número soberbo, se pensarmos que a Inglaterra tinha 4,8 milhões de habitantes em 1600 e Londres, não mais que 250 mil. “É bem possível que em nenhuma outra época, exceto talvez na Grécia Antiga, o teatro tenha tido tanto público e desfrutado de tamanha centralidade na vida cultural de um país”, escreve Franco.  Em 1594, entra para a mais bem-sucedida companhia de teatro da época e, cinco anos depois, torna-se sócio do Globe. Ao morrer em 1616, Shakespeare deixou 1.500 libras esterlinas a seus descendentes, o equivalente a pouco mais de R$4,5 milhões atualmente.

Então, o genial dramaturgo não foi só escritor!!  Neste universo de talentos (além de poeta e escritor), o autor traça um amplo painel sobre a vida material de Shakespeare e de Londres no século XVI mostrando aspectos inusitados para o leitor: o capitalismo chegava e tomava lugar de uma economia semi-feudal. Sob este ponto de vista, as atividades culturais se beneficiaram deste progresso, os espetáculos teatrais passaram a ser administrados como um negócio, sendo seus gastos planejados e calculados de antemão. À época, havia um grande desenvolvimento do comércio, das grandes navegações, da Astronomia, da Agricultura e de outras ciências que surgiam.

É aí que entra Shakespeare como empresário. Poucos são aqueles que conhecem este lado empreendedor do poeta… Temas como a usura, a livre iniciativa e o direito ao lucro sem medo da punição divina, são  recorrentes na peça e representavam um eixo fundamental na sociedade de então.  Uma leitura interessante e didática para quem deseja conhecer um pouco mais sobre o período em que viveu o escritor, além de traçar um retrato perspicaz do surgimento do capitalismo e Shakespeare como um empreendedor que soube se dar bem. E isso, lá pelos ido do século XVI. Os horizontes se ampliavam em diversas direções, umas já conhecidas, outras até então inéditas. Assim, por que não ser um empreendedor e alavancar este nicho de mercado – agora no século XXI?

Mona Cury

Compartilhe.

Leave A Reply