Os VIPPES continuam a ser tratados como um grupo de aposentados que não tem o que fazer na vida a não ser esperar a morte chegar e tudo se resolver de vez no cemitério. A realidade é outra! Espetacular!
Como a imagem dos VIPPES não muda conforme o crescimento de sua participação na sociedade brasileira começa a se tornar preocupante a ausência de atualização no perfil dos VIPPES.
Não há mais como refletir essa classe mantendo-se os clichês do século XX. Na mídia televisiva e na maioria de todas as mídias, os VIPPES continuam a ser demonstrados como figuras pertencentes a um mundo diverso do nosso real.
É preciso que os agentes ativos da sociedade e, principalmente, a grande imprensa e as agências de propaganda percebam que muita coisa mudou nos últimos dez anos e que essa mudança é estrutural. A sociedade está se ajustando a um novo perfil etário inédito.
Em uma velocidade nunca vista em nenhum grande aglomerado humano!
Estamos falando no dia de hoje em mais de 42,7 milhões de pessoas. Significam matematicamente mais de 21% da população brasileira. Não é minoria como classe etária. A classe de crianças de 0 a 9 anos tem 31,4 milhões de indivíduos e está em franco declínio (em 2020 serão 28,6 milhões versus 53,1 milhões de VIPPES).
Continuar apresentando e mostrando esse pessoal como gente terminal é, no mínimo, um desconhecimento dos números divulgados pelo IBGE em 29 de agosto deste ano.
Quando se menciona números do IBGE é necessário que se mergulhe nas tabelas e nas análises demográficas. Elas são uma fonte formidável de informações sobre o presente e sobre o futuro.
Em uma população de 201 milhões, é racional depreciar uma classe de mais de 42 milhões? Vinte por cento de um Universo é um mercado fabuloso! Os publicitários que o digam. Naturalmente a visão de um perfil de “velho curvado com apoio em bengala” existente hoje em todos os estacionamentos de supermercados, shoppings, lojas, bancos, aeroportos e demais locais de grande frequência, não ajudam em nada o reconhecimento da realidade.
Pergunte-se à maioria dos VIPPES se aceita a imagem do velho alquebrado como sua representante?
A resposta é NÃO, mas não um NÃO qualquer, mas sim um NÃO encorpado, volumoso, sonoro e, sobretudo, carregado de irritação. Irritação pela insistência irracional de se manter uma imagem enganosa, preconceituosa e prejudicial de uma parte da população que a cada dia se torna mais necessária para o equilíbrio social.
Negócios de mercado se fazem com a realidade de mercado. Manter perfis e imagens falsas e inadequadas só causa perda de oportunidades e atraso nas ações produtivas e necessárias para vencer desafios.
Germano Hansen Jr.
