- 07 de abril de 2019

Prefeituras podem evitar o caos

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Após a publicação do artigo sobre problemas nas calçadas nos municípios brasileiros, o autor recebeu uma crítica pelo “exagero” no tratamento do problema, pois pintou de negro um fato pouco expressivo.

calcadas_de_sao_pauloEvidentemente não é obrigatório concordar cem por cento com todas as opiniões que são expressas por aí. É muito importante, porém, evitar a não aceitação dos fatos. Estes podem ser observados pelos que não usam tampões nos olhos e no cérebro. Quando alguém se locomove em uma calçada e tropeça por causa de um buraco ou em razão de falhas na pavimentação (degraus, desníveis, depressões, etc.) não pode ser rotulado de “exagerado” ao reclamar da pavimentação.

O Autor ainda não levou um tombo por causa do calçamento mas perdeu a conta da quantidade de vezes em que o “quase” quase virou fato. Mas para aqueles que só aceitam “fatos” comprovados, sugiro ler a edição de 27 de fevereiro de 2013 da “Veja São Paulo” a partir da página 32. Um excelente artigo sobre o problema das calçadas em São Paulo revela uma situação bem mais “exagerada” do que o artigo do Autor. (dados mais completos do levantamento apresentado pela revista pode ser encontrado no site http://vejasp.abril.com.br/materia/avaliacao-calcadas-sao-paulo.

O resumo super sintético do artigo da “Vejinha” esclarece que o calçamento em 70 das principais ruas da maior cidade da América do Sul e uma das 10 maiores do mundo é muito ruim ficando com uma nota abaixo da média na sua quase totalidade. Pior que tudo: o cálculo atualizado estimado da quantidade anual registrada de quedas na capital do Estado de São Paulo, motivadas pelo calçamento inadequado, é de 170 mil – (contra 100 mil anotadas em 2003 em uma pesquisa do IPEA – www.ipea.gov.br).

E o valor estimado dos custos dessas quedas com médicos, hospitais e dias de trabalho perdidos alcançou o “exagero” de 2,9 bilhões de reais.

Dois bilhões e novecentos milhões de reais!

Há alguns custos paralelos que não foram considerados para não desfigurar a validade crua dos números levantados com cautelosa matemática. E,  finalmente, uma constatação que reforça a qualidade do trabalho de levantamento dos dados: a grande maioria dos tombos não foi de idosos, mas sim de pessoas entre 36 e 50 anos.
A gravidade dessa avaliação torna ainda mais preocupante a questão do calçamento quando a população que envelhece rapidamente vai substituir a camada dos habitantes entre 36 e 50 anos que em apenas 14 anos subirão para cima na figura geométrica que já foi uma pirâmide.

Quer dizer, a maior parte das quedas que custaram, na prática, três bilhões de reais não foi de VIPPES que, entretanto, será a parte mais expansiva do conjunto populacional. Pode-se imaginar o aumento na quantidade de tombos que vai se espalhar pelos milhares de ruas e avenidas coalhadas de irregularidades no “passeio público” (calçadas).

Se a pesquisa da “Vejinha” fosse realizada em todos os municípios brasileiros, qual seria o total de tombos no País hoje com uma população de VIPPES em franca expansão? Os Prefeitos e Vereadores poderão propor e realizar essas pesquisas em suas cidades e fazer o levantamento dos prejuízos causados pelo péssimo calçamento. Se adotarem, então, medidas que corrijam os defeitos nas calçadas, os tombos poderão ser evitados em boa parte e os impostos terão destino mais nobre e feliz do que consertar fraturas ou comprar flores para funerais.

Para finalizar, não podemos aceitar um dos comentários “exagerados” de um ortopedista citado pela revista, informando que “o maior rendimento dos Ortopedistas hoje em São Paulo é por motivo das quedas dos paulistanos nas calçadas”. (O Autor do presente artigo e do artigo anterior não foi quem fez esta afirmação).

Germano Hansen Jr.

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