- 07 de abril de 2019

Planos urbanos

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Na maioria das cidades onde se discute plano diretor ou plano de metas municipais, o envelhecimento populacional é inexistente como tema de análise e fora de qualquer medida ou projeto.

Próximos anos pode significar de 8 a 12 anos, pois esses planos normalmente entram na categoria de estratégias de partidos e o que tem acontecido é a manutenção da situação em dois ou três mandatos seguidos.A agravante é que esses planos normalmente para longo prazo acabam se tornando metas para oito a doze anos, já que entram na categoria de estratégias de partidos e o que tem acontecido é a manutenção dos partidos de situação em dois ou três mandatos seguidos.

Imagine-se o caso do município de São Paulo, capital do Estado de São Paulo. A população recenseada em 2010 e corrigida em 2013 na revisão da Projeção da população brasileira pelo IBGE apresentou um total de 11.821.873 habitantes. (Valor que foi enviado ao Tribunal de Contas da União – TCU, para distribuição e cálculo de Impostos principalmente o Fundo de Participação dos Municípios na arrecadação federal).

É nesse município que influi decisivamente nos dados gerais do País e que representa 5,1% do total da população brasileira que o envelhecimento populacional se torna mais enfático.

Para efeito apenas de referência vamos ver como ficou o município de São Paulo no critério de cidade desenhada para a diversidade populacional etária em 2010 e como a realidade poderá estar em 2024, ou seja, daqui a 10 anos (idade mínima prevista para um plano diretor – que deveria ser para um período bem maior).

                       Município de São Paulo   –   População em 2010 e 2024

 

       2010

       2024

Diferença %

Grupo etário 0 a 14 anos

   2.552.430

   2.465.588

     –  9,7

Grupo etário 15 a 24 anos

   1.764.706

   2.035.088

     + 15,3%

   Soma dos 2 grupos

   4.317.136

   4.500.676

       + 4,2%

Grupo etário de 50 +

   2.334.140

   3.561.405

     + 52,6%

O quadro deixa claro que já em 2010 os VIPPES de 50 anos em diante já quase se igualavam em número às crianças de 0 a 14 anos e eram superiores aos jovens de 15 a 24 anos.

A questão, portanto já vem sendo resolvida de forma inadequada desde o início deste século. Contrariamente ao que prevê a OMS – Organização Mundial da Saúde – os planos diretores ou de metas das maiores cidades brasileiras não estão transparecendo a realidade da movimentação etária.

A situação vai piorar muito se os novos planos em elaboração não sofrerem ajustes. Uma olhada nos números de 2024 – só 10 anos mais – indica uma nova fotografia da distribuição etária. Nota-se que há uma redução considerável na quantidade de crianças (menos 9,7% no período) e um aumento de 15,3% no grupo etário dos jovens de 15 a 24
anos que somados às crianças mostra um incremento conjunto de 4,2%.

Isso indica que todos os projetos que envolvam a população entendida como reposição populacional – de 0 a 24 anos – deveriam ter redução de ações e de verbas, pois esse grupo está em franco declínio na composição etária no município de São Paulo.

Por outro lado, no mesmo período, a população de VIPPES de 50 anos em diante cresce 52,6% com um milhão e duzentos mil membros a mais. Como grupo etário é maior que o grupo de crianças de 0 a 14 anos e também ao grupo dos jovens de 15 a 24 anos.

Esses números são dinâmicos no tempo e não há como desconsiderar a sua importância no planejamento estratégico da maior cidade brasileira e uma das maiores do planeta.

Para conscientizar ainda mais a sociedade e os agentes ativos de mudanças (administradores públicos, políticos e empreendedores) vamos mostrar como vai ficar a situação etária em 2030, além de prováveis números para as décadas de 40, 50 e 60, usando o mesmo critério.

                             Município de São Paulo   –   População em 2030 a 2060

 

       2030

       2040

2050

2060

Grupo etário 0 a 14 anos

2.400.999

2.138.400

1.930.252

1.715.117

Grupo etário 15 a 24 anos

1.834.471

1.614.147

1.451.111

1.319.321

   Soma dos 2 grupos

4.235.470

3.752.547

3.381.363

3.034.438

Grupo etário de 50 +

4.208.493

5.187.345

5.941.343

6.279.968

Esses são os desenhos da composição etária da maior cidade do Brasil nas próximas décadas. Devemos lembrar que nessa formidável população de VIPPES estão os de 60, os de 70, os de 80 e os de 90 anos e mais e eles formam a maioria dessa classe.

As ruas, as avenidas, as praças, os eventos, os serviços públicos e particulares, os transportes e toda a economia vão depender dessa gigantesca população para continuar existindo.

Ela precisa estar contemplada nos planos que estão preparando hoje e precisa de atenção especial e não apenas como nicho social ou de mercado, fato que é próprio da mentalidade tacanha do século XX, que já era, para sempre.

Torquato Morelli

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