- 03 de abril de 2019

Cidades diferentes

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A Substituição Etária pode mudar totalmente a face das grandes cidades e auxiliar a criar novas. Cidades também se reciclam e a hora é agora para começar a solucionar o atendimento à nova demografia.

cidade amiga do idosoEnxergar uma realidade nem sempre é simples. Estamos tão acostumados com alguma referência que, às vezes, continuamos a viver como se a tal referência ainda estivesse no mesmo lugar, mesmo que ela já houvesse desaparecido definitivamente.  A maioria das cidades atuais, grandes e pequenas, se apresenta com estruturas construtivas, viárias e sociais originadas pelo crescimento desordenado através do tempo. Mesmo as cidades criadas através de planejamento esmerado como o caso de Brasília e Goiânia ou reformuladas através de obras como o metrô ou demolições de construções muito antigas, ainda guardam a aparência de uma sociedade anterior à substituição etária.

O Brasil conta com quase seis mil municípios e, portanto quase seis mil centros urbanos com populações que variam de mil a quinze milhões de habitantes. Como se poderia remodelar todas essas cidades para atender as recomendações das Nações Unidas através da Organização Mundial de Saúde com o Guia Global Cidade Amiga do Idoso?

Tarefa impossível? Tarefa improvável?

Com certeza, improvável! Mas não impossível!

Temos quase um século inteiro para promover as mudanças necessárias, portanto o tempo é suficiente para a decisão de fazer, o planejamento de como fazer e a execução competente dos objetivos. A primeira medida é de caráter político. É conveniente que haja uma emenda constitucional tornando obrigatória a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre as diretrizes a serem obedecidas para atender a substituição etária. Nenhuma nova cidade poderia ser criada ou desenvolvida se não levar em conta aquelas diretrizes.

A segunda medida é de caráter institucional econômico: a liberação de todas as verbas governamentais nos três níveis dependerá da execução de medidas práticas de adaptação das cidades existentes às diretrizes internacionais da OMS. Assim todos os recursos do Estado serão alavanca da atualização forçada pela substituição etária.

Para que se tenha uma visão completa do que é o Guia Global Cidade Amiga do Idoso da OMS (www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf?) segue a apresentação do Guia:

“Introdução: sobre este Guia

O envelhecimento populacional e a urbanização são duas tendências mundiais que, em conjunto, representam as maiores forças que moldam o século XXI. Ao mesmo tempo em que as cidades crescem, aumenta, cada vez mais, o seu contingente de residentes com 60 anos ou mais. Os idosos são um recurso para as suas famílias, comunidades e economias, desde que em ambientes favoráveis e propícios. A OMS considera o envelhecimento ativo como um processo de vida moldado por vários fatores que, isoladamente ou em conjunto, favorecem a saúde, a participação e a segurança de idosos. Seguindo a abordagem da OMS para o envelhecimento ativo, o objetivo deste Guia é mobilizar cidades para que se tornem mais amigas do idoso, para poderem usufruir o potencial que os idosos representam para a humanidade.

Uma cidade amiga do idoso estimula o envelhecimento ativo ao otimizar oportunidades para saúde, participação e segurança, para aumentar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.

Em termos práticos, uma cidade amiga do idoso adapta suas estruturas e serviços para que estes sejam acessíveis e promovam a inclusão de idosos com diferentes necessidades e graus de capacidade.

Para entender as características de uma cidade amiga do idoso é fundamental que os próprios interessados – os habitantes idosos da cidade – sejam ouvidos. Assim, trabalhando com grupos focais de idosos, em 33 cidades de todas as regiões do mundo, a OMS pediu que eles, que apontassem as vantagens e as barreiras que eles encontram, abordando oito aspectos da vida urbana. Na maioria das cidades, os relatos dos idosos foram complementados por informações colhidas em grupos focais de cuidadores e prestadores de serviços dos setores público, privado e voluntariado. A partir das informações colhidas nos grupos focais foi desenvolvido um conjunto de itens amigáveis aos idosos, a serem avaliados por meio de um checklist.

  • A seção 1 descreve as tendências convergentes do rápido crescimento da população com mais de 60 anos e da urbanização, e aborda os desafios que as cidades terão que enfrentar.
  • A seção 2 apresenta o conceito de “envelhecimento ativo” como um modelo para orientar o desenvolvimento de cidades amigas do idoso.
  • A seção 3 resume o processo de pesquisa que levou à identificação das características principais de uma cidade amiga do idoso.
  • A seção 4 descreve como esse Guia deve ser utilizado por pessoas e grupos para estimular a sua própria cidade a agir.
  • As seções 5 – 12 abordam as questões e preocupações expressas pelos idosos e por aqueles que atendem aos idosos, em cada um dos oito aspectos da vida urbana: espaços abertos e prédios; transporte; moradia; participação social; respeito e inclusão social; participação cívica e emprego; comunicação e informação; e apoio comunitário e serviços de saúde.

Em cada seção, a descrição dos achados é concluída com um checklist das principais características amigáveis aos idosos identificadas pela análise dos relatórios de todas as cidades.

  • A seção 13 integra os achados conforme a perspectiva de envelhecimento ativo da OMS e enfatiza as fortes ligações entre as diferentes áreas amigáveis aos idosos. Elas revelam os principais traços do que seria uma cidade amiga do idoso “ideal” e mostram como a melhoria em um dos tópicos, pode ter um impacto positivo sobre os demais.

Estimuladas pela promessa de um número maior de comunidades amigas do idoso, as cidades colaboradoras da OMS estão desenvolvendo iniciativas que façam com que os achados da pesquisa conduzida se transformem em ações locais para então servirem de modelo para as cidades que não participaram deste estudo. Um movimento de comunidades amigas do idoso está crescendo e este Guia é o ponto de partida”.

Vale a pena ler o “Guia” para que se tome a consciência da abrangência das medidas e o quanto teremos que fazer para nos adaptarmos às reais necessidades dos novos VIPPES de sessenta anos em diante. Na verdade, todos os VIPPES (pessoas de cinquenta anos em diante) irão se beneficiar. Mais do que os VIPPES, todos irão ganhar porque as providências conduzem a uma qualidade de vida melhor para qualquer pessoa.

Wolfgang K.L.

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