O mercado de capitais vai ter uma notável dependência majoritária das pessoas de 50 anos em diante. É só fazer um levantamento para constatar a realidade de hoje entre os investidores.
Os VIPPES de 60 anos em diante poderão optar por gastar tudo que economizaram nas décadas anteriores e, com isso, movimentar a economia nacional em volume monetário ainda não registrado. A impressão de que os mais velhos guardarão muito dinheiro na velhice não se tornará realidade porque a sociedade estará mudando consideravelmente com o envelhecimento populacional.
Os casais brasileiros contarão com menor número de filhos (o que já é uma realidade preocupante causadora de uma das menores taxas de natalidade no planeta). O resultado final é uma redução do tamanho das unidades familiares. Portanto, poder-se-á economizar muito menos do que atualmente, pois o número de dependentes será sensivelmente menor.
Concomitantemente, o alongamento do tempo de vida exigirá a manutenção de um volume de gastos contínuos. Esses gastos terão uma natureza mais diversificada, pois as novas gerações de VIPPES serão mais habituadas aos produtos e serviços não disponíveis nas gerações anteriores (incluindo os produtos frutos de tecnologias de ponta).
Como ficará, então, o mercado de capitais?
Deverá ser reformulado em novos produtos para uma nova sociedade etária. Duas grandes linhas podem ser delineadas: uma direcionada para os jovens – que serão os VIPPES do futuro em uma sociedade envelhecida – e outra objetivando os próprios VIPPES antes que gastem tudo que economizaram.
Muitos casais de classe média e a maior parte de classe média baixa e pobre do século passado contavam com os filhos adultos para apoio financeiro na velhice. Com a redução do número de filhos, a fórmula já não vai funcionar e novos comportamentos de poupança e investimento germinarão. As instituições financeiras naturalmente já pensam na criação de novos tipos de investimento de capital.
Poderia ser desenvolvido um certo tipo de Bônus Velhice ou Bônus VIPPES (mais charmoso e menos constrangedor). O investidor ganharia uma remuneração maior para cada ano a mais que mantivesse a aplicação e, se chegasse ao centenário de vida, receberia um grande prêmio familiar. Essa forma poderia evitar a completa liquidação muito rápida do capital economizado em uma vida inteira.
Outra modalidade poderia ser o Bônus Dinastia em que o VIPPES investidor automaticamente receberia uma bonificação extra em nome de um dependente ou herdeiro o qual poderia retirá-la imediatamente após a sua morte.
A imaginação e a competência dos profissionais financeiros especialistas no mercado de capitais, com certeza, logo lançarão alguns planos espetaculares para aproveitar as chances criadas pela transição etária.
Germano Hansen Jr.
