Na segunda metade do século XX, todos procuravam ter bons profissionais para o atendimento em Ginecologia/Obstetrícia e Pediatria. Hoje, faltam mais de sete mil Geriatras no Brasil e o “déficit’ vai crescer mais ainda”.
A Sociedade Brasileira de Geriatria estima uma relação de mil pacientes para cada Geriatra. Já a Organização Mundial de Saúde da ONU estabelece como aceitável a relação de 700 pacientes para cada Geriatra. Neste caso, contando o País com 950 Geriatras e seis milhões de VIPPES com doenças crônicas, há uma falta de 7.600 Geriatras.
Como o envelhecimento populacional é veloz, muito veloz e o País não tem mais como evitá-lo, a situação tende a piorar substancialmente. Há razões estruturais que levam a um cenário muito preocupante:
1) Currículo das Faculdades de Medicina: a Geriatria não faz parte do currículo das Faculdades de Medicina no Brasil.
Nenhum direcionamento das autoridades estratégicas da República parece existir para acabar com esse absurdo. O Geriatra é o profissional médico que melhor pode colaborar para a saúde dos VIPPES. E se houver mais saúde, teremos um menor custo da mesma para toda a sociedade.
Os médicos clínicos gerais e especialistas não conseguem estabelecer um sistema de avaliação adequada dos VIPPES, pois não têm tempo para uma correta anamnese e, assim, o diagnóstico diferencial é mais tentativo que racional. A medicação múltipla continua a provocar efeitos colaterais adversos que, formalmente, é responsável por cerca de duzentas mil ações anuais por erros médicos.
Poderiam ser calculados os custos de doenças não curadas, os custos de
medicamentos desnecessários, a inconveniência de tratamentos desconexos, os custos de internações evitáveis e o sofrimento de milhões de pacientes e familiares que vão buscar a cura e encontram mais dificuldades.
2) Existem no País apenas 21 cursos de pós-graduação em Geriatria que formam apenas 100 (cem) profissionais por ano.
Assim, o absurdo do item 1 é reforçado pelo item 2.
As autoridades federais precisam interferir no sistema estratégico da Nação para modificar a visão completamente míope que conduz os VIPPES para um novo setor do inferno de Dante contado na sua Divina Comédia.
3) Há apenas 60 vagas anuais para Geriatria na Residência Médica dos cursos de medicina em todo o País.
Se alguém pudesse imaginar que os absurdos cessariam, junte-se este aos dois anteriores.
É necessário que haja uma completa mudança na maneira de tratar o problema. Também a Iniciativa Privada tem que mudar a sua postura e entender que o médico Geriatra é a melhor arma para a redução dos gastos com VIPPES nos Planos de Seguro-saúde e Convênios Médicos. E também os Geriatras serão os grandes artífices que poderão conseguir que os VIPPES continuem produtivos mesmo com mais idade. Além disso, a sociedade terá que contar com esses VIPPES para a própria sustentabilidade das conquistas sociais incluindo os planos de previdência pública e privada.
Por outro lado, é conveniente que os estudantes de medicina constatem que a especialidade que mais terá sucesso (em todos os sentidos) daqui para frente será a Geriatria. É a grande oportunidade para todos que quiserem fazer da medicina o melhor meio de satisfazer uma aspiração profissional e obter as melhores recompensas materiais com o trabalho qualificado.
Germano Hansen Jr.
