- 05 de abril de 2019

Para evitar o caos na Previdência

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A transição etária pode atuar como um câncer nas contas da Previdência pública. Câncer que pode se acelerar a cada ano daqui para frente, mas é possível a cura sem risco de recidiva.

transicao_etaria_mais_empregosAntes de apresentar sugestões de alternativas para evitar o caos previdenciário é conveniente entender o que pode acontecer. Inativos são aqueles indivíduos de 0 até 17 anos que não trabalham e, portanto, não contribuem para a formação de um fundo para a aposentadoria.

Para efeito de aposentadoria – benefício pago a partir de determinada idade ou tempo de trabalho – teoricamente os indivíduos poderiam deixar de trabalhar aos 48 anos (mulheres) e 53 anos (homens). Uma parte solicita a aposentadoria e continua a trabalhar enquanto outra não. Exceções se registram em muitas situações previstas na legislação.

A Iniciativa Privada participa do processo previdenciário de forma direta no recolhimento das contribuições onde participa com a maior parcela. Tem sido comum a dispensa de empregado tão logo atinja a aposentadoria para se livrar do pagamento de sua parcela ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Naturalmente essa medida não costuma ser aplicada a empregados de alta hierarquia ou competência especial.

Neste século o sexo feminino aumentou substancialmente sua participação no mercado de trabalho e em boa parte das categorias funcionais as mulheres já se tornaram maioria (ainda não são, no geral, em cargos de maior hierarquia). Como elas também são maioria na composição por sexo, a diferença de cinco anos a menos para atingir a aposentadoria influi decisivamente nos cálculos de recebimentos e pagamentos do sistema previdenciário.

Para avaliar a seriedade da situação basta analisar o quadro abaixo que mostra a projeção do envelhecimento populacional sob o prisma de componentes ativos, inativos e potencialmente aposentados na população brasileira.

Evolução população geral Ativos, Inativos e Aposentados– em milhares

 

2000

%

2013

%

2020

%

2030

%

2060

%

         total

173.449

 

201.033

 

212.078

 

223.127

 

218.174

 

Ativos 18 a 48

85.644

49

102.951

51

107.942

51

109.870

49

84.142

39

Inativos 0 a 17

63.001

37

58.826

29

54.660

26

47.938

22

34.610

15

Aposentados

24.804

14

39.256

20

49.486

23

65.319

29

99.422

46

Inativos total

87.805

51

98.082

49

104.146

49

113.257

51

134.032

61

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os aposentados (homens e mulheres) passaram de 14% de participação no ano 2000 para 20% neste ano de 2013, chegarão em 23% em 2020 (daqui a 6 anos), 29% em 2030 e ultrapassarão o total de Ativos em 2060 – 84 milhões de Ativos contra 99 milhões de potenciais aposentados.

Algumas medidas devem ser tomadas tanto pelo Estado quanto pela iniciativa privada.

O Governo tem que aumentar a idade mínima para a obtenção da aposentadoria tanto para homens quanto mulheres, e no mínimo, aumentar a idade para as mulheres. Pode também aumentar o tempo de trabalho. A iniciativa privada precisa evitar dispensar o pessoal que adquire condições legais de aposentadoria e incentivar a permanência na atividade sem a solicitação de aposentadoria. Isso pode ser obtido com vários tipos de bônus como, por exemplo, extensão do período de férias, bonificação extra por período adicional trabalhado e garantia de emprego por um ou mais períodos.

Mas essas medidas precisam ser iniciadas antes do final desta década. Naturalmente as decisões e providências da iniciativa privada podem ser tomadas antes daquelas do Governo que envolverá debates políticos de grande vulto e, talvez, não sejam implementadas a tempo suficiente para evitar grandes desgastes sociais.

Germano Hansen Jr.

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