- 03 de abril de 2019

Centro de Referência do Idoso

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O que é o Centro de Referência do Idoso da zona norte de São Paulo (CRI Norte)? Como funciona? Quais são a missão e os objetivos deste local? Como é sua estrutura e seu funcionamento?

centro_de_referencia_do_idosoO Centro de Referência do Idoso da zona norte de São Paulo (CRI Norte) pode ser definido como uma parceria entre a Secretaria Estadual da Saúde e a Organização Social de Saúde Associação Congregação de Santa Catarina (OSS/ACSC). Em uma área de 5 mil metros quadrados é constituído, basicamente, por um ambulatório especializado na saúde do idoso, que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e um Centro de Convivência, além de biblioteca, salão de beleza e quadra poliesportiva, entre outras facilidades,.

A missão do CRI é “prestar assistência ambulatorial à pessoa idosa, potencializando o envelhecimento ativo”, além de “realizar a gestão de doenças crônicas não transmissíveis, propondo modelos inovadores de assistência à saúde e contribuindo para a construção de políticas públicas voltadas ao envelhecimento populacional”. Para usufruir os serviços do CRI Norte é necessário ter mais de 60 anos e ter o encaminhamento de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da zona norte de São Paulo. Ou então, participar das atividades oferecidas pelo local.

“Nossos objetivos, além do atendimento ambulatorial, são disseminar o conhecimento de geriatria e gerontologia e fortalecer os profissionais de atenção básica”, explica Diego Miguel, coordenador de comunicação e marketing. O CRI Norte surgiu a partir de uma demanda de um grupo de Vippes da zona norte chamado Cabeça Branca, grupo este que solicitou a implantação de uma unidade de saúde especializada no tratamento dos longevos ainda na época em que Mário Covas era governador (entre 1º de janeiro de 1995 e 22 de janeiro de 2001).

O CRI Norte foi, então, fundado em 17 de fevereiro de 2005, já na gestão de Geraldo Alckmin como governador e Luiz Roberto Barradas Barata como secretário de saúde. É o segundo CRI de São Paulo. O primeiro é o da zona leste, cujo nome oficial é Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG) gerido diretamente pelo Estado. O CRI Norte tem o diferencial de ser uma parceria com uma Organização Social (OS) a Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC). “As OSs têm um olhar filantrópico e humanizado, mais aberto a inovações”, explica Dayna Braga, gerente assistencial. Além disso, como têm mais facilidades para contratações e compras, proporcionam uma qualidade de atendimento melhor. “É uma tendência do mercado”, afirma Dayana. “E são rigorosamente controladas pelo poder público.”

São quatro tipos de controle (ou medição):

  1. relatórios detalhados enviados mensalmente à Secretaria Estadual de Saúde, que incluem itens como limpeza dos banheiros e uso de materiais como gaze e seringas;
  2. pesquisa interna, também feita mensalmente;
  3. dados recebidos pelo SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) que, entre outras funções, trabalha como uma espécie de ouvidoria; e, finalmente,
  4. auditorias periódicas feitas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). A ACSC tem que atingir metas de qualidade, sob pena de punição financeira. O orçamento é definido pela secretaria e é de R$ 1,210 milhão por mês.

Como já foi dito, um dos objetivos do CRI Norte é “fortalecer os profissionais de atenção básica”, como os que atuam em UBSs. Isso é feito pela capacitação em geriatria e gerontologia desses profissionais por meio de campanhas (como a Prevenção de Quedas), eventos científicos (ENAGE) e aulas. “Mas, como não somos uma instituição de ensino, não temos cursos de qualificação, apenas capacitação”, salienta Andreia Cristiane Magalhães, coordenadora do serviço social. Um curso que é voltado para a comunidade e que tem bastante procura (cerca de 100 alunos por módulo) é o de Orientação para Cuidadores Informais de Idosos, que já está na 12ª edição.

O ambulatório do CRI Norte, além das consultas médicas, dos exames e das pequenas cirurgias, conta também com uma equipe multiprofissional composta de enfermagem, serviço social, nutrição, odontologia, psicologia, educador físico, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e podologia. O Centro de Convivência conta com uma gama extensa de atividades, como aulas de ioga, tricô, bordado, inglês, além de jogos de bocha e divertidos bailes… É considerado essencial na estimulação do envelhecimento ativo, favorecendo a socialização e a autonomia. São 21 mil atendimentos por mês, considerando todos os serviços e atividades oferecidos pelo CRI Norte.

Claro que o Centro enfrenta os problemas próprios do SUS. Há um desconhecimento de como o sistema funciona, principalmente entre a população de baixa renda, além de uma falta de continuidade nos tratamentos. Existe uma dificuldade de comunicação e integração entre o nível primário e o secundário de atendimento. “As UBSs e as unidades de Assistência Médica

Ambulatorial (AMAs) são da prefeitura, enquanto o CRI é estadual”, constata Dayane. Mas é um modelo em expansão, que faz parte do programa “São Paulo Amigo do Idoso”, do governo estadual. “Por esse programa, vão ser construídos outros seis CRIs, na zona sul, oeste e nas cidades de Ribeirão Preto, Campinas, Santo André e Santos”, informa Dayana. É um  modelo que pode ser muito útil para enfrentar a transição etária brasileira.

Paulo Tomazinho

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