- 03 de abril de 2019

Transição etária = mais empregos

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O envelhecimento populacional veloz vai criar o maior movimento de emprego no País. Já se sente a falta de profissionais em áreas especializadas e a remuneração aumentará sem limites. E a qualificação?

transicao_etaria_mais_empregosO Portal VIPPES Negócios vai divulgando fatos, análises e observações sobre as novas perspectivas trazidas pela transição etária. A expansão da quantidade de VIPPES exigirá uma nova classe de profissionais diferentes de todos que já surgiram no universo trabalhista.

Milhões de novos empregos são, com certeza, uma ótima notícia em qualquer lugar do planeta e, mais ainda, em países em desenvolvimento, mas se não houver um preparo que qualifique a mão-de-obra, os resultados serão pífios. Naturalmente nesses milhões de cargos há uma parcela considerável de funções não especializadas que podem ser exercidas por pessoas sem experiência ou formação profissional específica.

Acontece que é significativa a parcela que tem de ser especializada. O problema é que a quantidade de idosos será muito maior que o volume de jovens que adentrarão o mercado de trabalho. Esse “desbalanceamento” vai exigir que parte dos novos cargos precise ser preenchida por idosos. Muitos deles exerceram durante toda a vida produtiva, atividades profissionais sem especialização enquanto outros conseguiram limitada experiência em alguma área.

Agora todos terão que operar com situações não imaginadas ou vivenciadas ao longo de décadas de trabalho. Digamos que um torneiro-mecânico se aposente e esteja em boas condições físicas e com saúde. Aparece então uma oportunidade de trabalho em razão da falta de mão-de-obra mais jovem. O ex-torneiro-mecânico se apresenta para trabalhar como segurança em uma academia de ginástica e exercícios para VIPPES.

Apesar das boas referências pessoais, ele não tem nenhuma noção da atividade e do perfil do público a quem atenderá. Esse exemplo poderá ser uma constante nos próximos anos. Como a pressão no preenchimento de vagas se tornará muito forte, candidatos de bom potencial serão admitidos sem qualificação básica e farão treinamentos de emergência. O resultado geral será ruim e a explicação mais simples será a de rotular os VIPPES aposentados como “incapazes” de assumir novas funções.

O envelhecimento populacional trará modificações estruturais em todos os pilares da sociedade e com certeza a idade e o tempo de trabalho para a aposentadoria serão estendidos cada vez mais. Não há como fugir disso.

Portanto, o gargalo social estará no período de transição. Este gargalo será uma fase de percepção da realidade. Talvez uma fase muito longa que poderia ser abreviada desde que houvesse uma conscientização de todas as implicações do envelhecimento etário.
A sociedade começará a perceber, apenas paulatinamente, que a mão-de-obra mais jovem escasseia sem previsões de melhoria. Na ausência de outra solução, haverá aproveitamento emergencial de idosos inativos.

Com o passar dos meses, os idosos “temporários” vão se fixando nas funções com uma produtividade baixa e pouco profissional porque não foram selecionados e preparados para as tarefas. Como o envelhecimento é muito rápido não haverá tempo suficiente para o estudo de projetos estratégicos adequados e tudo acabará se resolvendo com adaptações e medidas emergenciais tipo “tapa buraco”.

O ideal, ou pelo menos mais racional, é desde já haver uma preparação criteriosa para o aproveitamento da mão-de-obra VIPPES que forçosamente será a de maior volume disponível. Alguns números abaixo poderão dar uma ideia de algumas necessidades de mão-de-obra especializada que o envelhecimento populacional trará.

Vamos selecionar uma única área de atendimento aos VIPPES pouco representativa no volume total de indivíduos que formarão o gigantesco contingente populacional “sênior”.

VIPPES de 60 anos em diante que necessitam de cuidados de terceiros em instituições de longa permanência (asilos). Estas são 3.550 contra uma necessidade real mínima de 20 mil (lembrando que no Japão, com população menor que o Brasil, já existiam mais de 28 asilos na passagem do milênio – 13 anos atrás).

Serviços médicos –      tem hoje – 2.340 profissionais para 3.550 asilos
faltam      – 1.210
necessidade real hoje – 17.660 para 20.000 asilos

Fisioterapeutas –           tem hoje  – 1.990
faltam    – 1.560
necessidade real hoje – 18.010

Monitores de piscina – tem hoje  –  220
faltam     – 1.550
necessidade real  hoje –  9.180

Monitores de lazer  –     tem hoje  –  530
faltam  –  3.020
necessidade real hoje –  19.470

Esses cargos aumentarão continuamente à razão de 5.300 a cada ano para os três primeiros cargos mencionados acima e 2.650 para o quarto. Mencionamos apenas quatro funções entre várias imprescindíveis para o funcionamento de instituições de longa permanência.

E todos esses números são para atender somente 20% de todas as necessidades no País apenas nesse item. Restará um vácuo de 80% de VIPPES provavelmente nas classe E, D e parte da C que viverão em condições inadequadas. É urgente que todos os empreendedores e governantes tomem medidas para evitar uma situação caótica em um processo de envelhecimento populacional sem retorno.

Germano Hansen Jr.

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