Muito interessante o resultado de uma pesquisa realizada com idosos de 60 anos em diante e que levantou o perfil de trabalho daqueles que continuam em atividade profissional. Vale a pena saber.
O Portal VIPPES Negócios tem relatado vários resultados da excelente pesquisa realizada pelo SESC/Fundação Perseu Abramo com a classe dos idosos de 60 anos em diante (pesquisa esta realizada em 2006/2007).
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O tema a ser mostrado desta vez é a questão da atividade profissional. Muitos idosos continuam trabalhando e sua participação no PIB do País é significativa e vai aumentar de maneira vigorosa, destruindo de vez qualquer noção de que essa classe apenas é sustentada pelo INSS ou pelos impostos federais. Com o envelhecimento populacional veloz, os VIPPES serão parte essencial para a estabilidade da economia nacional.
A pesquisa do SESC/Fundação Perseu Abramo levantou inicialmente a quantidade de idosos que trabalhavam na ocasião da pesquisa:
Situação de trabalho |
Participação |
Projeção livre da amostra para a população total (19.282.049) |
Trabalham |
22% |
4.242.050 |
Não trabalham |
77% |
14.847.177 |
Esse quadro foi desdobrado por sexo e idade.
Podemos salientar o resultado por sexo e por idade:
Homens |
Mulheres |
||||
Idade |
Não trabalham |
Trabalham |
Não trabalham |
Trabalham |
|
De 60 anos em diante |
66 |
33 |
86 |
13 |
|
De 60 a 69 anos |
55 |
44 |
79 |
20 |
|
De 70 a 79 anos |
80 |
20 |
92 |
6 |
|
De 80 anos em diante |
89 |
10 |
99 |
1 |
Destaca-se que quase a metade dos homens idosos de 60 a 69 anos continua a trabalhar e esta situação deverá se alterar para valores ainda maiores ano a ano nas próximas quatro décadas.
No caso das mulheres, apenas 20% da classe de 60 a 69 anos trabalha, mas também essa situação vai se alterar uma vez que as novas gerações do sexo feminino já participam com quase a metade da força de trabalho atual. A pesquisa penetra mais profundamente em alguns aspectos nessa área do emprego e outros dados sociais levam às conclusões que permitem estabelecer providências a serem tomadas a fim de evitar que o envelhecimento populacional se torne o maior problema econômico-social do País.
Por exemplo, metade dos idosos que trabalham é aposentada. Isto se deve em parte à insuficiência da aposentadoria. Outros gostam de continuar em atividade profissional independente da condição econômica favorável em que se encontram. Em relação às características do trabalho, a maior parte está no mercado informal.
“Interessante é registrar que 20% dos idosos que trabalham no mercado formal possuem curso superior enquanto acontece com apenas 4% dos que têm até o ensino fundamental”. (fonte: Vicente de Paula Faleiros no capítulo Cidadania: os idosos e a garantia de seus direitos no livro Idosos no Brasil Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade – SESC/Fundação Perseu Abramo).
Para que haja um planejamento a fim de proporcionar resultados eficazes na nova economia – com o País mais envelhecido – é essencial avaliar precisamente o tamanho do problema. O Portal VIPPES Negócios tem insistido de forma aparentemente exagerada na necessidade de uma política nacional elaborada e administrada a nível de Ministério. Mas sem uma orientação governamental poderosa não haverá a conjugação de esforços que permita prevenir problemas de grande porte.
Atente-se para o seguinte dado: em apenas 10 anos – de 2010 para 2020 – a quantidade de idosos de 60 anos em diante aumenta em mais de nove milhões de pessoas, chegando a mais de 28 milhões. É assustador, sabendo-se que em 1990 (trinta anos antes), pouco mais de nove milhões era o total da população de 60 anos em diante.
Boa parte dessa massa populacional gigantesca em uma única década, aposentada ou não, originada dos mercados formal e informal continuará trabalhando, formal e informalmente.
Milhões de empregos precisam ser criados porque a maioria desses “novos” idosos não será doente ou deficiente. Essa multidão não vai ficar nas ruas mendigando ou dentro das casas esperando a morte porque não pertencem ao mundo novo que se formou nas duas últimas décadas do século passado. Mais do que a criação de novos empregos, o País não terá mais mão de obra renovável porque o crescimento populacional (não apenas o aumento da população envelhecida) vai entrar em fase de redução. A taxa de crescimento será negativa, uma inversão da taxa demográfica, fato inédito na história do País e raro na era global.
Assim, o volume de trabalho no País vai precisar da mão de obra dos idosos como condição “sine qua non” para o equilíbrio geral da economia e da sociedade. O trabalho de readequação do Brasil à transição etária inexorável tem que começar já para se tirar o atraso. A política do emprego pleno vai ser obrigatória, não há outro remédio!
Germano Hansen Jr.