- 03 de abril de 2019

Educação anacrônica

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quadro-negroO envelhecimento populacional é alavanca para negócios. Significa grande oportunidade de renovação completa do pensamento e da produção humana em todas as áreas e em qualquer aspecto.

A Universidade, como um centro de estudos e de atualização que através da história da civilização sempre se destacou como a vanguarda da evolução, no Brasil está fechada para a visão do futuro. Evidentemente que os profissionais acadêmicos que nela atuam continuam produzindo trabalhos dignos de elevado conceito.

O que está errado, falho, triste mesmo, é a ausência de um currículo acadêmico adequado para as novas e inéditas exigências provocadas pelo envelhecimento populacional.

A juventude continua lutando para entrar na Universidade pública preferencialmente ou na particular como alternativa indesejada. Tanto uma quanto a outra estende o tapete vermelho para aqueles que são a razão de sua própria existência. Essa é a simples e virtuosa relação acadêmica que vai preparar profissionais para o exercício de todas as atividades que suportam a existência da sociedade. A Universidade precisa dos estudantes e estes precisam da Universidade e a Sociedade brasileira depende dessa relação para atender as necessidades de seus membros, mais de duzentos milhões de vidas, hoje.

Nenhuma Universidade no País adaptou o seu currículo para a nova e inédita situação demográfica. A partir do ano da virada do século XX para o atual, precisamente no ano 2001, o Brasil teve o pico de nascimentos. Desde então uma queda significativa na natalidade prossegue e não vai mais se estabilizar até o final deste século, conforme se observa no quadro abaixo:

Total de crianças de 0 a 1 ano no Brasil
IBGE – População do Brasil por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013

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Essa Tabela deveria ser mostrada, estudada e analisada profundamente em todas as Universidades.
Ela demonstra de maneira assustadora a redução da população brasileira. No ano 2001, as 3.506 mil crianças de 0 a 1 ano significava a reposição de habitantes para o ano de 2071, já que a esperança de vida ao nascer em 2001 era de 70,3 anos.

Já em 2016, a reposição da população para 2091 será de 2.843 mil indivíduos. Em 2060, a reposição para o ano de 2141 será de apenas 1.751 mil indivíduos.

Ah! Mas esses números se referem a uma situação que vai acontecer só no século XXII. Para que se perder tempo hoje com um futuro tão distante?

Exatamente aí é que está o ponto crucial do envelhecimento populacional: já estamos em pleno processo e com velocidade inédita.

O índice de envelhecimento populacional está na relação existente entre pessoas de 65 anos em diante no total da população. O índice mede o tempo em anos para a participação das pessoas de 65 anos em diante passar de 7 para 14%.

A França precisou de 119 anos para alcançar essa relação. Os Estados Unidos, 69 anos.

O Brasil levará apenas 21 anos (2011/2032).

Em menos de uma geração, a sociedade brasileira envelhecerá. Não há nenhum preparo para essa mudança. Em termos de civilização, 21 anos é um instante. Em um instante, temos uma transformação inédita: a substituição da juventude que dominou todo o século passado pela maturidade dos idosos. Cidades, transportes, residências, comércio, serviços de saúde, de esportes, de lazer, atividades culturais, empregos, profissões, produtos e serviços em geral não estão desenhados para uma sociedade envelhecida de agora (2015), que já tem 22% da população com 50 anos em diante (45 milhões de pessoas).

Não se muda o pensamento geral da Nação em 21 anos, tempo que o Brasil começa a contar para ser envelhecido demograficamente, ou seja, daqui a apenas 17 anos. Não é o século XXII e sim o ano de 2032, do século atual.

De que maneira os estudantes que entrarem agora na Universidade pode enfrentar a realidade do envelhecimento populacional imediato se não forem informados, orientados e formados para ela?

Envelhecimento populacional e suas consequências devem ser tratados como matéria curricular crucial em qualquer Universidade e imprescindível nas melhores. Só a Educação poderá auxiliar a Nação a sair do caminho de sua aniquilação ou saber como administrá-la, se realmente não houver mais chance de mudança de rumo.

G. Hansen Jr.

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