- 04 de abril de 2019

VIPPES em Vez de Velhos

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A criação do termo VIPPES para denominar as pessoas de 50 anos em diante tem uma razão principal que é a conotação pejorativa dos adjetivos normalmente utilizados para identificar essa classe etária. Essa mudança é racional?

vippes_sao_muito_poderososAlguns “entendidos” poderiam alegar que seria melhor tentar mudar a conotação pejorativa dos vocábulos “velhos, idosos, aposentados, etc..”, tornando-a positiva.

O discurso é bonito mas os resultados não.

Está tão plantado no seio da sociedade o conceito de que as pessoas de 50 anos em diante começam a sair da vida para esperar a morte, que tentativas de metamorfosear as conotações negativas dos adjetivos necessitariam de muito tempo (talvez uma geração inteira) e muito dinheiro.

Não é de um dia para outro que se poderia dizer que “o velho passa a ser um indivíduo importante e poderoso”.

Nem se poderia acreditar que na semana seguinte, “o idoso passou a ter um poder inigualável em razão de sua soma de anos”.

Muito menos seria fácil aceitar que em algumas semanas “os aposentados se tornassem o exemplo das pessoas inteligentes, exemplares e responsáveis pelo destino da sociedade”.

Criou-se o eufemismo de batizar as pessoas de 50 anos em diante de “pessoas da terceira idade” (de origem francesa).  Essa tentativa de substituir as outras denominações precisou de um aperfeiçoamento que resultou na criação do conceito de “a melhor idade” sem que explicasse o por quê!

E aí podem surgir composições estranhas como:

– Um velho aposentado a aproveitar a melhor idade dos idosos que querem enganar a terceira idade.

O problema é que a terminologia estraga tudo porque os vocábulos se referem às pessoas que significavam um número pouco expressivo em participação no composto social.  Com seis a oito por cento da população, o poder dessa classe não se demonstrava como alguma coisa realmente causadora de maior atenção. Era muito mais coerente definir com precisão a importância dela na sociedade, ou seja: classe terminal, improdutiva e dependente composta por velhos, idosos, aposentados que já passaram pela infância, adolescência e que na maturidade (terceira idade) deveria ser confortada com a persuasão de que viveria a “melhor idade”.

Mas, e sempre a vida é mudança, o mundo mudou e agora o envelhecimento etário se tornou a realidade inexorável. As pessoas de mais de 50 anos vão ocupando um espaço antes não imaginado: vão se tornando a classe de maior expansão.

Vão deixando de ser a ponta aguçada de uma pirâmide gráfica e se tornando a área bojuda de uma imagem gráfica de uma ânfora, jarra ou copo. Crescem aos milhões,
originados de trinta ou quarenta décadas atrás onde a natalidade era deusa e a longevidade não passava dos sessenta.

É a nova era dos VIPPES que veio substituir os Velhos, os Idosos, os Anciãos, as pessoas da Terceira Idade, as pessoas da Melhor Idade, os Aposentados da Vida.

VIPPES são a nova geração de pessoas de 50 anos em diante que se formaram no mundo tecnológico do pós-guerra-fria, no planeta que estabeleceu a globalização possível com a Internet.

VIPPES são o fruto de uma sociedade que evolui e que vai atrás da longevidade ativa. VIPPES são os processadores de um novo conceito de vida que valoriza os anos de aprendizado, a soma das experiências e sobretudo a competência de ter atravessado os desafios que transformaram a sociedade no final do século XX e nos inícios do XXI.

Os VIPPES não são a transição etária porque na realidade foram eles que criaram o futuro que começamos a viver hoje.

Germano Hansen Jr.

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