As passeatas justas e as sem propósito reivindicam dezenas de realizações nem sempre oportunas ou racionais. Os novos VIPPES valeriam uma passeata de reivindicações? Quais seriam?
Fica difícil imaginar uma passeata de VIPPES carregando cartazes, faixas e rufando tambores. Alguns componentes estariam em suas motorizadas cadeiras de rodas, enquanto outros ainda usariam cadeiras menos tecnológicas, da mesma forma que, bengalas e outros acessórios adequados para a locomoção.
Parte do pessoal acompanharia os demais sem ouvir bem as mensagens de ordem e outros não distinguiriam com exatidão os textos das bandeiras e folhetos. A manifestação teria um forte apoio de veículos prontos para crises diabéticas, síncopes, quedas, desmaios, arritmias, dificuldades respiratórias ou simplesmente fadiga.
Naturalmente a maioria dos componentes da passeata se movimentaria sem maiores problemas e mostraria muita organização, bom humor, responsabilidade e nenhum vandalismo.
Mascarados infiltrados? De modo nenhum!
Mas o que estariam reivindicando os novos VIPPES do século XXI?
– Participação integral na vida comunitária,
– Direito ao emprego sem limite de idade,
– Cidade limpa,
– Espaços verdes,
– Parques e jardins com bancos e locais para sentar,
– Calçadas sem rachaduras e desníveis,
– Cruzamentos seguros para pedestres,
– Edifícios adequados para mobilidade e segurança,
– Transporte com veículos adequados,
– Paradas em locais acessíveis para entrada e saída,
– Assentos adequados,
– Motoristas conscientes das dificuldades de pessoas de mais idade,
– Estacionamentos convenientes,
– Serviços especializados de táxis e outros meios de transporte,
– Imóveis que levem em conta as dificuldades dos VIPPES,
– Realização de eventos com condições adequadas para VIPPES,
– Integração de gerações em eventos comuns,
– Combate ao isolamento,
– Mudança do comportamento anacrônico em relação aos VIPPES,
– Abrir voluntariado exclusivo para VIPPES,
– Criar empregos e atividades adequadas para aproveitamento dos VIPPES,
– Adequar locais de trabalho para a condição operacional dos VIPPES,
– Manter os VIPPES em treinamento continuado às novas tecnologias,
– Abrir e exaltar a comunicação com VIPPES em todos os meios,
– Desenvolver a prevenção da saúde mais que as opções de tratamento,
– Instalar maior quantidade de estabelecimentos adequados para atendimento dos VIPPES,
– Desenvolver o atendimento “home care” – no lar – como fundamental,
– Aumentar substancialmente a oferta de residenciais para VIPPES e todas as classes sociais,
– Estabelecer uma rede comunitária para o atendimento de VIPPES sem condições de sustentação própria,
– Fazer do serviço voluntário de idosos e para idosos como a chave da melhor qualidade de vida no século XXI.
A quase totalidade dessa pauta de solicitações está descrita com detalhes no Checklist proposto pela Organização Mundial de Saúde em sua excelente publicação “Guia Global Cidade Amiga do Idoso”. Equivale a uma Constituição, ou Mandamentos para que a sociedade torne o planeta Terra um local de valorização da vida para as pessoas de mais idade.
Torquato Morelli