- 05 de abril de 2019

Condomínios trogloditas

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A prevenção e o preconceito contra VIPPES de idade mais avançada é observada em todas as atividades. Em condomínios a questão adquire contornos muito preocupantes e inesperados.

construcoes_trogloditasMuitos condomínios realizam reuniões de conselheiros a portas fechadas para a tomada de decisões sobre obras e melhorias. Em parte dos casos os assuntos mais polêmicos são debatidos e voltados em assembléias ordinárias ou extraordinárias.

Um dos problemas que começam a entrar nas agendas condominiais é a acessibilidade para idosos e por extensão para pessoas deficientes em geral.

Até alguns anos atrás quando por alguma razão especial um condômino apresentava alguma dificuldade física, a solução não era discutida dentro do ambiente condominial coletivo. A excepcionalidade tornava inoperante qualquer ação tendente a promover alguma adequação estrutural para atender um caso em particular.

Agora a situação é outra. Os VIPPES já representam em média vinte por cento da população. Nos edifícios condominiais verticais ou horizontais de quarenta apartamentos, os VIPPES já estão em oito apartamentos o que pode significar até dezesseis pessoas se forem casais. E muito mais se VIPPES (pais ou avós) residirem no mesmo local.

As pessoas não VIPPES com eventuais deficiências físicas já são minoria ou pouco expressivas em comparação com o grupo etário de cinquenta anos em diante.

E a relação irá se modificando a cada ano até o final deste século em que os VIPPES serão maioria absoluta. Não há mais como deixar de adaptar os edifícios à nova situação etária.

Escadas terão que sair e dar espaço para rampas, iluminação terá que ter mais “watts”, escadas de incêndio precisarão ser mais seguras, elevadores terão que comportar cadeiras de roda e até camas ou macas hospitalares, garagens deverão possibilitar entrada de ambulâncias ou veículos leves de resgate.

Não se trata de mudanças estruturais internas, mas sim nas áreas comuns de circulação e lazer, bem como garagens.  Naturalmente nem todos os locais permitirão adaptações ideais, porém o importante é fazer o melhor possível. Sempre haverá um resultado melhor do que a inércia improdutiva.

O que não é admissível, entretanto, são os condomínios com amplos espaços e que continuam inalterados em sua acessibilidade a idosos. Em muitos casos, obras supérfluas utilizam todas as verbas. Em outros, as reservas se tornam esgotadas em soluções que atendem projetos que poderiam ser postergados porque não trazem benefícios imediatos para uma parte significativa de moradores.

Observou-se em alguns prédios obras como churrasqueira e bar com escadas sem nenhuma chance de acesso para deficientes físicos, idosos ou cadeirantes.

Apesar de toda a tecnologia eletrônica e construtiva, alguns condomínios ainda são trogloditas na disponibilização de melhor qualidade de vida para parte de seus moradores.

A iniciativa privada tem nessa área um campo enorme para apresentar soluções práticas, criativas e econômicas para dar nova vida aos VIPPES que não desejam se sentir imobilizados ou usuários apenas de parte de seus direitos condominiais.

O comportamento social deve acompanhar as transições sociais e nenhuma é tão inédita e significativa quanto a etária.

J. Mark Torrence

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