- 07 de abril de 2019

Cosmética X Saúde

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O mercado dos VIPPES é de potencial fantástico para produtos que se destinam à saúde. A idade realmente adoece muitos VIPPES. E na área cosmética? O que sobra para os VIPPES?

artigo_3É normal que alguns produtos tenham mais de uma serventia quando analisados pelo lado prático. Originalmente criados para atender alguma necessidade específica, por diversas razões inclusive circunstanciais, acabam fazendo mais sucesso em áreas não previstas inicialmente.

Na indústria farmacêutica o fato acontece repetidamente. Muitos produtos, o Viagra mais recentemente, eram pesquisados para determinadas indicações e os resultados não desejados se revelaram mais interessantes para outras áreas da alopatia.

Agora se registram casos diversos em produtos criados para a área de saúde. Um dos mais divulgados é o ácido hialurônico. Ele tem a propriedade de preencher espaços em alguns pontos do corpo humano, como na articulação dos joelhos, por exemplo. Não substitui a original, mas evita ou minimiza dores originadas pelo atrito das partes mais rígidas.

Atualmente a substância é usada como “preenchedor” de flacidez nos tecidos da face, principalmente. Substitui o famoso “botox” (vacina botulínica). A ação cosmética melhora a aparência do rosto, visto que elimina ou reduz significativamente rugas naturais da idade. Em outras palavras: “rejuvenesce”. Milhões de novas VIPPES que começam a ocupar maior volume de participação na composição populacional desejarão melhorar a aparência. Não apenas elas, mas também os homens que já se preocupam em “melhorar o visual”.

A questão é muito simples: já que a longevidade é um fato incontestável, vamos torná-la desejável e não constrangedora. Boa saúde melhora a aparência. É um fato. Longevidade sem saúde é castigo. Se boa saúde significa melhor aparência, quanto mais saúde, melhor ainda para o visual. No fundo, para a auto-estima.

É provável que muitos produtos que até agora haviam sido utilizados apenas em casos de doenças, tenham nova vida se forem usados para promover a beleza. Sem esquecer que o bom humor e a autoconfiança são indispensáveis para que qualquer ser humano pareça mais belo.

O arsenal terapêutico atual é gigantesco. Há milhares de substâncias utilizadas para tratamento médico para uma infinidade de problemas de saúde. Parte das “drogas” é natural, principalmente fitoterápica, e parte é fruto de formulações químicas avançadas.

Quantas dessas substâncias foram testadas para uso cosmético? Com certeza, a quase totalidade não foi.

O mecanismo de criação de um medicamento, natural ou químico, pressupõe a existência de um problema de saúde. Deficiência de substâncias, mau funcionamento de órgãos, acidentes, degeneração celular, degeneração mecânica e centenas de agentes causadores de mau funcionamento do organismo.

Identificado o problema, o pesquisador formula soluções para o seu combate. O fato é que a solução procurada tem origem em um problema de saúde identificado. De dezenas a milhares de variações em torno de um ângulo, o fato de origem é um problema de saúde. O novo medicamento surgirá quando o problema identificado for resolvido.

E se em lugar de uma doença, a busca fosse direcionada para a solução de um aspecto estético? Na verdade é exatamente isso que a indústria cosmética faz. Identifica problema estético e procura a solução.

E o que é que a indústria de medicamentos tem a ver com a cosmética?

Tudo!

O minoxidil que efetivamente é uma das soluções para a calvície – provoca o hirsutismo (crescimento de pelos) – não foi originalmente pesquisado para essa finalidade. Entretanto, o efeito colateral é tão importante e desejado quanto o alvo terapêutico na hipertensão, originalmente motivo da pesquisa. O que ocorre é que os pesquisadores farmacêuticos não estão com atenção voltada para o ângulo cosmético e provavelmente não fazem seguimento de efeitos diversos daqueles esperados.

O envelhecimento populacional abre uma grande oportunidade de revisão dos processos de criação de produtos cosméticos a partir de milhares de pesquisas farmacêuticas com resultados adversos para os objetivos visados, mas talvez com surpreendentes aplicações cosméticas.

Por outro lado, a própria indústria cosmética já opera no ramo dermatológico com um ramo batizado de “cosmecêutica”. Abaixo transcrevemos artigo do site da Dra. Shirley de Campos, sobre o que é a “cosmecêutica”:

“A cosmecêutica representa um casamento entre a cosmética e a farmacêutica. Como os cosméticos, os cosmecêuticos são aplicados topicamente, mas contêm ingredientes que influenciam a função biológica da pele. A cosmecêutica melhora o aspecto, mas assim o faz levando os nutrientes necessários para a pele saudável. A cosmecêutica é o segmento de crescimento mais rápido da indústria dos cuidados pessoais naturais. Os consumidores estão sempre interessados em manter uma aparência jovem e, à medida que a idade mediana da população global aumenta, este mercado está cada vez mais em expansão.

A cosmecêutica não está sujeita a revisão pela Food and Drug Administration (FDA), e o termo cosmecêutico não é reconhecido pelo Decreto Federal Food, Drug and Cosmetic. Embora os cosméticos e cosmecêuticos sejam testados quanto à segurança, não são obrigatórios testes para determinar se os ingredientes benéficos realmente são mais que uma alegação do fabricante. Em geral, vitaminas, ervas, óleos variados e extratos botânicos podem ser usados na cosmecêutica, mas o fabricante não pode alegar que estes produtos penetram além das camadas superficiais da pele ou que tenham efeitos semelhantes aos de medicamentos ou terapêuticos. Para rótulos de produtos cosméticos, não se torna necessária a separação entre ingredientes ativos e os demais”.

Assim, enquanto a cosmecêutica não pretende, pelo menos por ora, avançar na área farmacêutica propriamente, a indústria farmacêutica poderia proporcionar ao setor cosmético informações até então desprezadas.

E médicos sabem que boa aparência é fator que melhora a auto-estima. Esta é essencial para o sucesso de qualquer tratamento clínico. De certa forma, a indústria farmacêutica estaria proporcionando indiretamente, um apoio à medicina em uma transição etária inédita em todo o planeta.

J. Mark Torrence

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