- 05 de abril de 2019

Construtora antenada

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A identificação de empresas atualizadas com as necessidades do mercado nem sempre é tarefa simples. Há casos, entretanto, que refletem com intensidade a visão avançada de algumas.

construtora_antenadaTrata-se da Tecnisa, uma construtora que se preocupa em atender adequadamente os moradores de seus edifícios e apartamentos de última geração. Na década passada a construtora já contratava consultores especializados nas dificuldades dos VIPPES em relação à moradia.

Graças a essa visão de futuro, a Tecnisa ofereceu ao mercado imobiliário unidades residenciais especiais para VIPPES em alguns de seus novos edifícios em São Paulo.

Os apartamentos são projetados e construídos com planta que leva em consideração as insuficiências das pessoas de idade mais avançada. Pisos, banheiros, iluminação, acessórios são selecionados para que os moradores não tenham nenhuma dificuldade operacional e se sintam seguros e autônomos.

Agora a construtora decide ir ainda mais longe e projeta colocar no mercado um condomínio vertical com quatro torres sendo uma especificamente para VIPPES que tenham necessidade de cuidados especiais ou impossibilidade de plena autonomia.

Não se trata de unidade médica hospitalar, mas sim de unidade residencial aparelhada para proporcionar melhor qualidade de vida para moradores que quiserem ficar fora de instituições de longa permanência.

Nos próximos anos aumentará a procura de residências adequadas para a população de idade mais avançada. Só para pessoas que vivem sós, a demanda vai atingir níveis inimagináveis até pouco tempo atrás. Nos países que já contam com população de VIPPES em proporção elevada, há um desenvolvimento de projetos diversificados que atendem às possibilidades financeiras também diferenciadas.

Aceitar que quase 12 milhões de pessoas vivam em São Paulo sendo 2,5 milhões de 50 anos em diante e que apenas uma torre estaria projetada para abrigar VIPPES com problemas, é ser otimista além da conta.

Mas é um início! Centenas de torres serão necessárias em prazo curto e ninguém ainda pode prever a real demanda, visto que o dinamismo da transição etária é também indicador de contínuas mudanças nos perfis dos interessados. Se o mercado imobiliário contasse com empresas de ações negociadas em bolsas de valores, com certeza os melhores índices de rentabilidade seriam registrados para aquelas que entrassem no segmento para VIPPES.

Por outro lado, acabou-se o tempo dos “Cingapura” (edifícios residenciais com apartamentos de pequeno porte para pessoas de baixa classe socioeconômica). Esses edifícios com três ou quatro pavimentos, sem elevadores e sem estrutura para abrigar adequadamente pessoas de idade avançada não podem mais servir de parâmetro para o atendimento de moradia popular.

O envelhecimento populacional se distribui em todas as classes socioeconômicas e não se pode por de lado a determinação constitucional de que todas as pessoas precisam ter as mesmas oportunidades de viver com dignidade. A moradia não pode se tornar prisão ou armadilha para a grande porção da população que também envelhece com deficiências próprias da longevidade.

A Tecnisa abre um caminho de negócios imobiliários que será provavelmente o mais volumoso da era moderna.

F. Aristóteles Filho

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