- 07 de abril de 2019

Ausência de pesquisas

0

Foto: ReproduçãoAlgumas empresas já começam a desenvolver planos para a obtenção de participação significativa nesse setor etário. Peças promocionais veiculadas na mídia divulgam promessas fantásticas para alguns produtos específicos para “idosos”.

Mas será que há fundamentação consistente para as afirmações publicitárias?
Com toda a certeza, não! E por quê? Pela inexistência de pesquisas confiáveis em quantidade adequada para comprovação dos resultados.

Os processos de desenvolvimento e produção de cosméticos obedecem a algumas normas legais e operacionais para garantia de qualidade. As empresas de maior porte, principalmente as multinacionais com enorme prestígio de marca, procuram respeitar e até superar as exigências, o que não acontece com milhares de pequenas indústrias que desenvolvem ou copiam produtos alternativos e mais baratos.
Essa realidade cria uma ameaça aos consumidores, principalmente àqueles de menor condição aquisitiva de bens de consumo. E eles representam a maioria da população (considerando as classes D/E – a maior parte da classe C). O aspecto produção já constitui, portanto, uma preocupação com a qualidade abaixo do ideal.

O pior da questão, entretanto, é a pobre expectativa de resultados na utilização de produtos que não foram criados para os VIPPES e que tampouco apresentam volume mínimo de pesquisas de satisfação. E esse problema existe tanto nas pequenas quanto em todas as demais do ramo.

A expressão “produto cosmecêutico” que está sendo utilizada publicitariamente por inúmeras empresas de pequeno, médio e grande porte tenta fazer com que o consumidor acredite que o cosmético assim identificado possui ação medicamentosa ou terapêutica.

Não é verdade, não há nenhum confiável suporte técnico-científico.

Milhares de produtos que representam mais de um bilhão de dólares em todo o mundo, estão sendo comercializados como “promotores do rejuvenescimento” ou do “antienvelhecimento”.

Não é verdade também. Não há nada inventado ou descoberto que realize a mágica do rejuvenescimento.

Quanto aos produtos “antienvelhecimento”, nada mais são que disfarces da idade ou retardadores de algumas evidências. Não possuem a propriedade de retardar o processo de envelhecimento que é um conjunto de aspectos que estão predeterminados independentemente da vontade ou da utilização de recursos químico-físicos. Talvez o futuro possa reservar a descoberta de meios que impeçam a degeneração celular ou que modifiquem a essência dos seres vivos que é o nascimento, desenvolvimento, maturidade e morte.

A realidade da indústria cosmética, entretanto, é a capacidade de desenvolver formulações e processos que permitem eliminar ou reduzir visualmente os efeitos da idade. É o mesmo caso das cirurgias estéticas que não interferem no processo de envelhecimento, mas que propiciam a aparente redução de muitos anos na aparência. Algumas “jovens” de meia-idade na aparência provocam surpresa quando são obrigadas a provar a idade legal. Muitas são descobertas apenas quando o comportamento ou a saúde começam a se deteriorar e elas se tornam doentes de patologias observadas apenas em pessoas de idade mais avançada.

Os VIPPES estarão mais atentos para chamadas publicitárias com promessas mágicas. Eles serão mais exigentes e cobrarão os resultados esperados. A maior parte dos produtos cosméticos ou “cosmecêuticos” continua sendo colocada no mercado mundial sem pesquisas válidas do uso deles em idosos. Em alguns casos, exemplos são demonstrados através da utilização de celebridades e artistas regiamente pagos para afirmarem a eficácia dos produtos anunciados. Tão falso como muitos dos anúncios que utilizam pessoas (até mesmo modelos profissionais) divulgando e vendendo todas as espécies de bens e serviços que nunca conheceram antes.

Em raros casos as autoridades interferem na suspensão da comercialização de produtos cosméticos. Ocorrem quando queixas e registros de graves problemas de saúde acabam despertando a atenção de médicos e farmacêuticos e de fiscais dos órgãos de vigilância sanitária. Na maior parte dos casos, os problemas se devem à má qualidade das substâncias utilizadas ou erros na produção. Praticamente não há suspensão da venda de cosméticos por ausência de resultados ou resultados muito aquém dos prometidos.

Com o tempo e o aumento do número de idosos, a pesquisa científica terá lugar fundamental no estudo, criação, utilização e satisfação dos novos principais consumidores de cosméticos. Sem esquecer que as mulheres serão dominantes em quantidade.

Abre-se um formidável caminho para empresas de serviços de pesquisas científicas, técnicas, comerciais e comportamentais que se tornarão imprescindíveis para garantir resultados e satisfação da gigantesca massa de consumidores VIPPES ávidos para disfarçarem um pouco a idade. E pagarão por isso!

G. Hansen Jr.

Compartilhe.

Leave A Reply