Seria espetacular que exercícios pudessem ser adquiridos em prateleiras de farmácias ou através da Internet. Injeções de ioga ou comprimidos de abdominais, por exemplo. Quando vai acontecer?
Sempre aparecerão espertinhos que “inventarão” produtos mirabolantes capazes de fazer com que os músculos e tendões adquiram força, elasticidade e resistência através de fórmulas secretas de shakes, energéticos e “cápsulas nobres nucleares”. (São “profissionais” muito criativos).
Também existem os aparelhos que “facilitam” os exercícios. O usuário senta-se confortavelmente em uma poltrona para ver televisão enquanto o aparelho funciona a todo vapor na sala vizinha. Através de um condutor “siliconado” de diâmetro capilar, preso ao dedo mínimo do usuário, são transmitidos impulsos selecionados para todos os músculos.
Naturalmente, acreditar nessas invenções é fator imprescindível para o sucesso do “tratamento muscular”.
A substituição etária tem tudo para se tornar a maior oportunidade de renovação da sociedade em aspectos que até agora não tiveram a atenção esperada.
Um dos pilares básicos da saúde é a manutenção das funções orgânicas. O aparelho locomotor, entretanto, não tem sido tratado de forma devida.
A medicina e a tecnologia que a facilita mostraram uma evolução admirável nos últimos cinquenta anos. Entretanto, o fator mais importante e responsável pelo bom funcionamento de todo o organismo não teve o desenvolvimento necessário. Ao contrário, houve um retrocesso generalizado.
O mundo evolui e o ser humano vai diminuindo o seu ritmo de movimento. As crianças deixaram as brincadeiras físicas que foram trocadas pelos “games” informatizados e realizados solitariamente em qualquer canto da casa ou apartamento.
Os automóveis quase andam com o pensamento, máquinas industriais e comerciais foram substituídas por “robôs” espetaculares e incapazes de errar. Campos de futebol foram substituídos por estacionamentos.
Os obesos já se tornam maioria em alguns países desenvolvidos.
A verdade é que o aparelho locomotor humano vai se tornando “desnecessário” porque a tecnologia vai “facilitando” a vida, reduzindo o “desgaste” físico.
É simples avaliar: uma boa limonada se faz com limão, água e açúcar. Mas é preciso espremer o limão. Com as mãos ou um espremedor manual. É um exercício simples, fácil e rápido.
Uma limonada por dia com dois limões.
Fazendo uma limonada por dia durante trinta anos, serão 10.950 dias x 2 limões por dia. O resultado será 21.900 exercícios de excelente rendimento para os 19 músculos da mão, uma das mais perfeitas e operantes máquinas utilizadas pelo ser humano.
MÚSCULOS DA MÃO
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Um indivíduo de vinte anos que realize esses exercícios até os cinquenta anos terá uma condição de mobilidade das mãos muito melhor que aquele que usou equipamentos ou tomou os sucos prontos sem nenhum esforço físico.
Parece pouco? Mas não é!
Esse tipo de relação pode ser feita para todos os movimentos que o ser humano efetiva.
Fazer a barba todos os dias com um aparelho manual exercita 10 a 18 vezes mais os músculos da mão do que o uso de um barbeador elétrico que apenas é segurado não exigindo nenhum acionamento de músculos preparados para os movimentos. Trinta anos de uso do barbeador elétrico significará 10.950 dias x 10 ou 18 movimentos que significam 109.500 a 197.100 exercícios musculares da mão a menos e que vão influir decisivamente na operacionalidade das mãos nos anos futuros.
Ir à feira uma vez no final de semana proporcionará um exercício excelente para pessoas que trabalham sedentariamente cinco dias. Em trinta anos serão 1.560 exercícios para todos os músculos do corpo.
Em vez de ir à feira pode-se ir à Academia fazer ginástica.
De uma forma ou de outra, o imprescindível é o movimento. É a necessidade de fazer funcionar constantemente o sistema locomotor.
A saúde dos VIPPES vai depender muito das condições de vida anteriores aos cinquenta anos e no mundo tecnológico atual isso é um problema.
Há muitas revistas, livros, programas de televisão, artigos na Internet que tratam e orientam os interessados na realização de exercícios, mas os resultados não são registrados. O que vai resolver de maneira mais adequada o desafio seria a obrigatoriedade de informar a cada usuário de produtos da vida moderna o quanto de exercício muscular vai deixar de fazer.
Enquanto essa providência não for obrigatória, as academias vão ter muito trabalho principalmente para recuperar o sistema locomotor dos VIPPES já viciados no mundo das facilidades eletrônicas.
F. Aristóteles Filho
