- 07 de abril de 2019

Potencial de consumo dos VIPPES

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Especializada em estudos de geomarketing a consultoria Escopo, fez um levantamento recente com brasileiros acima de 50 anos. As projeções mostram que em 2013 eles gastaram algo em torno de um trilhão de reais — imagine em 2020!

Segundo a pesquisa, no fim da década essa participação poderá chegar quase à metade. O envelhecimento do consumidor brasileiro tem levado muitos empreendedores a adaptar seus negócios para agarrar as oportunidades geradas pelo público de terceira idade.

É o caso do administrador paulistano Humberto Munhoz, de 31 anos. Munhoz é sócio da FN Store, rede de lojas de suplementos alimentares à base de vitaminas e proteínas para quem faz atividade física. Das quatro unidades da FN Store, três estão em instalações internas de grandes redes de academias de São Paulo, frequentemente supervisionadas pessoalmente por Munhoz.

“Nas minhas visitas, notei que há cada vez mais gente de cabelos brancos levantando pesos e correndo nas esteiras”, afirma. Poucos, porém, se tornavam seus clientes. “Esse público geralmente busca produtos para diminuir o risco de lesões na atividade física”, diz ele. “Mas meus vendedores costumavam falar só dos que ajudam a ganhar músculos.”

Há tempos, Munhoz contratou uma nutricionista para treinar os vendedores da FN Store a atender o público VIPPES. “Separamos no nosso portfólio os produtos com substâncias químicas que aumentam a resistência dos ossos, como cálcio e ômega 3”, afirma. “Os vendedores tiveram aulas sobre como elas agem no corpo e foram orientados a passar esses conhecimentos aos clientes.”

O faturamento da FN Store já atingiu o número de 30% acima do ano anterior. “Deu tudo muito certo. Os atletas da terceira idade foram responsáveis por grande parte da expansão”, diz Munhoz. “As vendas para esses consumidores já representaram 8% do faturamento.”

Estudos revelam que a adesão das pessoas VIPPES a novas tecnologias tem sido rápida. Segundo o Ibope, em 2013, por exemplo, cerca de três milhões de brasileiros acima de 55 anos acessaram a internet para bater papo, ler notícias e comprar produtos. Em 2009, pouco mais de um milhão tinham esses hábitos.

Quantas vovós de classe média, hoje em dia, usam o Skype para conversar com os netinhos que moram em outra cidade? Ou postam fotos da família inteira no Facebook? Perguntamos para algumas pessoas como seus pais usam essas ferramentas. Um disse que a mãe, que dormia às 21 horas, no máximo, agora fica até depois da meia-noite no Facebook, procurando pessoas com o mesmo sobrenome. Ela também usa a rede para entrar num site do governo em que há um campo para enviar mensagens à presidente Dilma. Numa delas, perguntou por que Dilma nunca repete a roupa. Há ainda o pai de uma outra pessoa que coloca na sua linha do tempo críticas de todos os filmes a que assiste. Faltam só dois anos para o empreendedor Wilson Giustino fazer parte da amostra da pesquisa do Ibope que estudou idosos e tecnologia.

Por outro lado, Wilson Giustino, fundador do Cebrac, rede paranaense de cursos profssionalizantes, fundada em 1995 revela que “no começo, vinham apenas jovens para aulas de informática e inglês”, diz Giustino. “Com o passar dos anos, começamos a receber cada vez mais senhores e senhoras que queriam aprender a usar o computador.”

No início, VIPPES e jovens assistiam participavam da mesma aula. “Os idosos tinham muita dificuldade para acompanhar o ritmo”, diz Giustino. A partir de 2005, o Cebrac abriu turmas específicas para VIPPES. Nelas, o professor senta ao lado do aluno para passar instruções. Os cursos começam ensinando a ligar e a desligar o equipamento.

Depois, os alunos aprendem a entrar na internet, mandar e-mails e guardar arquivos na nuvem. “Hoje, os idosos correspondem a 5% das matrículas”, afirma Giustino. “De um ano para cá a quantidade deles quase dobrou.”

Autor: Mona C. Cury

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