A grande nação germânica está em desarmonia face ao envelhecimento etário. Há nitidamente uma controvérsia sobre providências para barrar a redução populacional e o desafio etário.
Ninguém duvida da qualificação da Alemanha como nação desenvolvida. É o país de maior população da União Européia e o segundo em população se considerarmos o total do continente europeu (só perde para a Rússia). Para se fazer uma avaliação melhor da situação demográfica que já provoca controversas opiniões e posições políticas no gigante germânico, abaixo está um quadro sintético da demografia alemã até 2012.
Verifica-se que a Alemanha atingiu o pico populacional em 2005 e a partir daí é evidente a redução no volume de habitantes. Lembramos que o mesmo vai acontecer no Brasil a partir de 2043.
Na Alemanha cresce a cada ano o índice negativo da taxa de crescimento – em 2011 houve reajuste nos números demográficos em razão do censo oficial de 2010. A correção demonstrou que a redução está em nível muito mais alto do que se acreditava.
Parece que os dados iniciais de 2013 indicam a redução em relação a 2012 foi de cerca de duzentos mil habitantes.
População da Alemanha conforme Indexmundi
Fonte: http://www.indexmundi.com/pt/alemanha/populacao.html
Ano |
População Total |
Diferença anual |
Taxa de Crescimento |
Esperança de Vida anos |
2003 |
82.398.326 |
|
0,04 |
78,42 |
2004 |
82.431.390 |
33.064 |
0,02 |
78,54 |
2005 |
82.431.390 |
0 |
0,0 |
78,65 |
2006 |
82.422.299 |
-9.091 |
-0,02 |
78,80 |
2007 |
82.400.996 |
-21.303 |
-0,03 |
78,95 |
2008 |
82.369.548 |
-31.448 |
-0.04 |
79,10 |
2009 |
82.329.760 |
-39.786 |
-0,05 |
79,26 |
2010 |
82.282.990 |
-46.770 |
-0,06 |
79,41 |
2011 |
81.471.830 |
-811.160 |
-0,21 |
80,07 |
2012 |
81.305.860 |
-165.970 |
-0,20 |
80,19 |
Essas “novas revelações” criaram um ambiente interessante na grande potência. Com a redução populacional em franco progresso, chama à atenção a formidável redução da taxa de natalidade e o aumento rápido da quantidade de idosos.
Há um fato curioso e preocupante nessa nova situação observada na Alemanha. Curioso porque parece que a maioria do povo alemão não acredita que a Alemanha deva se preocupar ainda que as estatísticas ofereçam motivo para isso. Tudo indica que os germânicos se considerem capazes de resolver qualquer problema a qualquer momento.
Preocupante porque há uma minoria que considera a situação etária crítica e sem condições de correção neste século.
Para comprovar a importância do problema, seguem alguns trechos de uma análise já publicada nos últimos dias na imprensa alemã:
República senil favorece a juventude
Há mais mortes que nascimentos na Alemanha. Há anos. Em pouco tempo, os anciães constituirão a grande maioria da população alemã. Isto causará uma catástrofe demográfica de dimensões inusitadas. Os políticos e os cidadãos sempre ignoraram o problema: agora, parece demasiado tarde para encontrar uma solução.
A população é cada vez mais velha na Alemanha.
Segundo os prognósticos das Nações Unidas, a população alemã diminui em cerca de 200 mil pessoas a cada ano. Para melhor exemplificar o que significa tal número abstrato, o semanário Die Zeit lançou mão de um artifício, em artigo publicado recentemente. Sugeriu que se tome um mapa da Alemanha e, a cada ano, se apague uma cidade que tenha em torno de 200 mil habitantes. No ano de 2050, existiriam então 47 cidades-fantasmas no território alemão. E todas de médio porte, como Lübeck, Magdeburg, Erfurt ou Kassel.
A população alemã envelhece e se reduz a olhos vistos. De uma forma tão rápida, que até mesmo uma imigração maciça ou uma explosão repentina do número de nascimentos não solucionariam o problema. Serviriam apenas de paliativo, retardando um pouco o processo. Para evitar o rápido envelhecimento da população da Alemanha, calculam os especialistas da ONU, seria necessária uma imigração anual de 3,4 milhões de pessoas jovens. Isto significaria o acolhimento de cerca de 160 milhões de estrangeiros até o ano 2050: o dobro da atual população alemã.
Apesar da gravidade da situação, o problema ainda é praticamente ignorado pelos políticos e pela própria população.
O tema da velhice é um verdadeiro tabu, talvez um dos últimos que restam aos alemães. Não se pergunta a idade, ninguém fala dela. A incúria da classe política em relação ao assunto tem também um fundo histórico. Expressões do tipo “política populacional” ou “política demográfica” evocam na memória coletiva dos alemães a recordação da demência racial dos nazistas. E isto faz com que as autoridades alemãs sempre evitem falar abertamente da questão.
Parece quase impossível que a grande inteligência que identifica o povo alemão possa ignorar a substituição etária que se processa no país. Na verdade talvez queiram ignorar.
Maior preocupação é com o que acontece no Brasil que não passou por duas guerras mundiais e não teve um regime nazista.
O Brasil não tem motivos históricos para desconhecer a importância da transição etária, mas tem uma vantagem comportamental de grande otimismo que favorece tratar a transição etária como uma fantástica oportunidade de desenvolvimento de negócios.
É imperativo que todos os agentes ativos da nacionalidade cerrem fileiras lado a lado para enfrentar o nosso desafio etário que é mais rápido e mais intenso que o da Alemanha.
Estamos atrasados, mas não é “demasiado tarde” como parte do povo alemão já rotulou.
G. Hansen Jr.