- 06 de abril de 2019

Economia em crise

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Foto: Reprodução

O debate aconteceu na Rede Globo. Uma convidada questionou os candidatos Aécio e Dilma sobre a dificuldade que pessoas de 50 anos em diante encontram para se colocar no mercado de trabalho. Outra convidada questionou como enfrentar a projeção de grande aumento nas aposentadorias por tempo de serviço e idade em razão do envelhecimento populacional e evitar o “estouro na previdência”. As perguntas são de importância capital para a sociedade brasileira deste século. Em meia dúzia de questões, as duas deram uma demonstração clara da preocupação que começa a se manifestar no público menos jovem.

E por que o título “Economia em crise” deste artigo?

Porque as duas preocupações refletem exatamente dificuldades econômicas. Os VIPPES que já são mais de 44 milhões de brasileiros e que serão metade da população total em menos de 40 anos e mais de 60% da população ativa (a que produz) querem saber o que o governo vai fazer para que sobrevivam dignamente.

Tanto o candidato derrotado, três dias depois do debate, quanto à candidata reeleita provaram a ausência de projetos estratégicos para enfrentar o desafio. Nenhum respondeu adequadamente as questões. Na verdade não se observou o mínimo de aproveitamento nas respostas. Lamentável!

Era legítimo o pensamento de contar com uma posição firme da candidata agora reeleita por um partido conhecido pelas suas ações e medidas na área social. Também era racional imaginar que o candidato oposicionista sabendo que seu partido precisava demonstrar vontade e competência para cuidar também da questão social, apresentasse propostas concretas.

Nada!

Os VIPPES de 50 anos continuam a ser demitidos de empresas e instituições privadas como se a reposição de mão de obra fosse automática. Demonstração clara de desconhecimento total do que acontece na demografia. Sem os VIPPES de 50 anos em diante, a sociedade vai encontrar muitas dificuldades para superar os desafios do desenvolvimento. Haverá redução populacional e exatamente nas classes repositoras de mão de obra. Se o pessoal de 50 anos em diante continuar a ser demitido, logo, logo a produção vai cair por falta de quem execute funções especializadas.

O governo precisa agir politicamente para mudar as leis sociais e trabalhistas. O espírito assistencialista precisa ser substituído pelo senso prático de sustentação econômica da sociedade. O pessoal de 50 anos em diante não deve ser mandado para casa e sim continuar na ativa, produzindo.

Quanto à Previdência Social pública é evidente que não conseguirá se estabilizar e se desenvolver com a manutenção das condições atuais. Não há mágica que possa equilibrar contas desequilibradas na estrutura. Muita coisa tem que ser alterada no sistema previdenciário que precisa ser tratado conjuntamente pelo governo e pela iniciativa privada porque toda a sociedade estará envolvida no processo.

Evidentemente a taxa de desemprego vai cair para os jovens e se elevar intensamente para os VIPPES se mudanças não se efetivarem. O grande desastre previsto é que desemprego na faixa dos jovens influencia pouco o caixa de pagamentos do Estado (temporário salário-desemprego), mas na faixa dos VIPPES, os benefícios terão que ser cumpridos (pensões vitalícias). Dez milhões de desempregados jovens custam menos que dois milhões de desempregados VIPPES aposentados.

Essa é a equação real que os dois candidatos deveriam conhecer profundamente. Um deles se tornou presidente e o outro será um dos líderes da Oposição. Ambos terão que aprender rapidamente o conteúdo econômico-social do envelhecimento populacional para que, juntos, encontrem medidas que evitem que o País se transforme em um monstruoso asilo de horrores a céu aberto. Esse não deverá ser o País que alguém queira governar nas próximas décadas.

G. Hansen Jr.

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