- 04 de abril de 2019

Reconstrução do futuro

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Foto: ReproduçãoÉ fácil perceber a divergência quando se observa a ação política em todos os níveis de governo. A quase totalidade dos municípios e estados brasileiros não conta com projetos para adequação de seus conjuntos urbanos à nova situação etária.
Manter planos diretores pensados no século passado é simplesmente achar que o futuro real seria o mesmo imaginado naquela ocasião. O envelhecimento populacional acelerado traz uma mudança profunda em todas as áreas da vida ativa e nenhum aspecto é o mesmo de vinte anos atrás.

Alguns podem argumentar que não se pode avaliar uma situação apenas sob a ótica da ação política. É verdade, mas também é certo que se não houver pressão da sociedade sobre os governantes em todos os níveis, o Estado não estará preparado para evitar os potenciais grandes problemas sociais que o envelhecimento populacional cria.

Para que a sociedade possa, entretanto, exercer pressão positiva, ela precisa conhecer a questão etária. Percebe-se que, apesar da existência de legislação especial sobre o tema, não há ampla divulgação e discussão e muito menos influência sobre a iniciativa pública e a privada, salvo raríssimas exceções.

Quais as cidades que apresentam novos projetos para remodelação em razão do envelhecimento dos seus munícipes?
Talvez 1% dos municípios.

A ONU, através da OMS (Organização Mundial da Saúde), estabeleceu um critério para que toda cidade possa se tornar “amiga do idoso”. Adotar as recomendações nada mais seria que cumprir uma responsabilidade pública, um compromisso com a sociedade.
Em todas as camadas políticas onde existe o poder legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) pelo menos um projeto deveria ser apresentado e votado para aprovação e implantação das diretrizes da OMS. Na quase totalidade dessas casas legislativas, nenhum projeto desses existe.

Então, qual o futuro que esses legisladores estão enxergando?

O mesmo de sempre: projetos para construção de escolas de primeiro grau, para dar nomes de ruas, para construir uma ponte para automóveis, para mudar escritórios municipais, estaduais ou federais para outros locais mais nobres, para subsidiar milhares de ONGS que defendem desde aranhas até o direito de crianças decidirem o que devem jantar e assim por diante. Alguns projetos são até aceitáveis, mas não ajudarão em nada a preservar a vida de idosos.

A prioridade que demonstraria a conscientização do que será o futuro real da sociedade ainda não foi estabelecida na esfera pública e nem na iniciativa privada. É como se o envelhecimento populacional fosse uma fantasia ou acontecimento tão distante no tempo quanto a tragédia climática em mil anos.

O Estatuto do Idoso deveria ser o programa principal de todos os partidos políticos brasileiros. Isso proporcionaria a certeza de um futuro menos caótico.
Essa bandeira, porém, tem que ser conduzida pelos cidadãos e o tremular delas talvez acorde políticos e empresários.

F. Aristóteles Filho

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