- 07 de abril de 2019

O Caos Pode Reinar

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Foto: ReproduçãoA matemática é uma ferramenta sem alma, sem piedade e sem subterfúgios. Os números são frios. Hoje a população do País passa de 203 milhões de pessoas (alcançará 204, 5 milhões em 1º julho). Mesmo com a ascensão observada de parte da classe D para uma posição na classe C, o desequilíbrio na distribuição da renda nacional continua preocupante.

Com os dados populacionais das projeções de população por sexo e idade do IBGE – Revisão 2013 e usando uma média (de diversas instituições de pesquisa e estudos sociais) da distribuição numérica populacional conforme as classes sociais foi elaborada uma tabela das perspectivas até 2060.

Comparamos os dados referentes à população em geral em 2015 e 2060 e a distribuímos por classe social. É fácil observar na demonstração a expansão assustadora da quantidade de VIPPES e especialmente daqueles de 90 anos em diante. Como a população geral após o pico de volume em 2042, inicia um processo ininterrupto de redução, os VIPPES aumentam expressivamente sua participação no composto etário.

Perspectivas do aumento da quantidade de VIPPES no composto etário 2015/2060

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Na tabela também é destacada a quantidade de VIPPES de 90 anos em diante em 2015 e em 2060 (provavelmente haverá alguma diminuição porcentual das classes D e E em 2060 em relação aos dias atuais em razão das piores condições de vida de seus membros).

A iniciativa privada não terá nenhuma dúvida em planejar e executar ações para atender a logística necessária para atender essa população envelhecida com produtos e serviços adequados. Será uma maneira de operar com o grupo etário que mais cresce no composto etário.

Entretanto, a iniciativa privada em acordo com a filosofia que movimenta a economia capitalista, selecionará como alvo o mercado das classes A e B e possivelmente a parte mais alta da classe C, a chamada “classe média alta”.

E como ficaria o atendimento aos VIPPES das classes D e E mais a nova classe C “baixa”?

Atualmente os VIPPES representantes dessas classes de baixa ou ausência de renda (classes D/E e parte – 50% – da classe C) são cerca de 28 milhões de pessoas ou 13,7% do total da população brasileira. Mas em 2060, serão 64 milhões de VIPPES ou 30% do total da população. Ainda pode ser ressaltado que os VIPPES de 90 anos em diante crescerão 9,3 vezes em relação a 2015 em comparação com 2,3 vezes dos VIPPES em geral.

Esses volumes impressionantes de VIPPES de baixa ou nenhuma renda precisarão de produtos e serviços gerais e especializados e o Governo em suas três esferas administrativas terá que estabelecer políticas públicas para o seu atendimento.
Uma das alternativas é a de incentivos governamentais à iniciativa privada para a instalação de estruturas funcionais para a criação, fabricação e distribuição de produtos específicos, bem como a preparação de recursos humanos para a prestação de serviços adequados. Esses agentes poderão atender com liberalidade de modelos e preços as classes A, B e C alta e obrigatoriamente fornecer ao Governo quotas a preços de custo mais baixo para as demais classes.

Seja como for, sem uma cooperação estreita entre Governo e Iniciativa Privada não haverá logística eficaz para a luta contra o desafio do envelhecimento populacional no Brasil.

G. Hansen Jr.

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